Navio lançou âncoras antes de bater em ponte. O que se sabe do acidente de Baltimore

O que aconteceu?

Pelas 1.30 horas nos EUA (05.30 horas em Portugal continental), o navio porta-contentores "Dali", com bandeira de Singapura, que tinha partido de Baltimore com uma carga completa a caminho do Sri Lanka, colidiu com um pilar de cimento que sustentava a ponte Francis Scott Key.

Nesse momento, uma equipa de construção de oito pessoas estava a trabalhar para reparar os buracos na ponte.

Segundos após a colisão, eles e quase toda a ponte mergulharam no que as autoridades disseram serem cerca de 15 metros de água gelada.

Momentos antes do embate, o navio emitiu um alerta de socorro a avisar que tinha perdido energia - o que levou as autoridades a esforçarem-se para interromper a circulação na ponte, potencialmente salvando vidas.

Uma desesperada operação de busca e salvamento, que envolveu mergulhadores, barcos, aeronaves e sofisticados equipamentos de sonar e infravermelho foi iniciada.

Quantas vítimas existem?

As autoridades cancelaram as buscas às 19.30 horas de terça-feira, alegando o frio e o tempo que passou, por se acreditar que ninguém estaria ainda vivo.

Seis trabalhadores desaparecidos foram considerados mortos, enquanto outros dois foram retirados do rio. Um saiu ileso, mas o outro ficou gravemente ferido e foi levado às pressas para o hospital.

Persiste alguma confusão sobre se alguma pessoa ainda poderia estar presa nos carros que poderiam estar na ponte quando esta desabou.

O chefe dos bombeiros de Baltimore, James Wallace, disse que o sonar encontrou veículos na água, mas não pôde dar mais detalhes.

O governador de Maryland, Wes Moore, disse que a investigação ainda estava em andamento, enquanto o secretário estadual de Transportes, Paul Wiedefeld, avançou que as autoridades "não acreditam" que qualquer pessoa tenha ficado presa nos carros.

A empresa responsável pelo navio, a Synergy Marine Group, afirmou que nenhum dos seus tripulantes ficou ferido.

O que causou o acidente?

O "Dali" emitiu um alerta de socorro momentos antes do acidente, avisando que tinha perdido potência e propulsão. Ainda não se sabe o que causou a perda de energia.

Imagens de vigilância mostram o navio a ficar sem luz duas vezes minutos antes do acidente. Uma nuvem de fumo pode ser vista antes da colisão.

A Autoridade Marítima e Portuária de Singapura disse que o "Dali" lançou âncoras antes do acidente, como parte dos procedimentos de emergência. Fazer isso pode ajudar a retardar a passagem de um navio fora de controlo.

“Não foi capaz de manter a direção desejada e colidiu com a ponte Francis Scott Key”, afirmou a autoridade, citando o Synergy Marine Group.

A embarcação passou por duas inspeções em 2023.

Alguns especialistas sugeriram que as principais estruturas de suporte da ponte podem não ter sido devidamente protegidas para resistir a uma colisão a envolver uma embarcação tão grande.

“O impulso significativo deste enorme navio de carga, especialmente quando carregado, teria sido considerável no momento do impacto”, disse Toby Mottram, professor de engenharia estrutural da Universidade de Warwick.

"É evidente que o cais não suportou a energia do impacto... A extensão dos danos à superestrutura da ponte parece desproporcional à causa", disse Mottram.

O que acontece agora?

As autoridades fecharam o porto “até novo aviso” e o tráfego está a ser desviado da ponte enquanto os esforços de resgate continuam.

As autoridades disseram que a resposta está a mudar de uma operação de busca e resgate para um esforço de recuperação dos corpos. Também está a ser monitorizado  qualquer derramamento de combustível do "Dali".

Foi declarado estado de emergência.

Espera-se que o colapso tenha um impacto severo na região. O tráfego ao redor de Baltimore será afetado pela perda da ponte, enquanto o transporte marítimo também poderá sofrer longos atrasos por causa dos destroços que agora estão na água.

O Porto de Baltimore é o nono maior porto dos EUA mais movimentado em termos de carga estrangeira movimentada e valor da carga estrangeira, e é diretamente responsável por mais de 15 mil empregos, apoiando quase 140 mil mais.