Nem a Antártida escapou. "Efeito TikTok" atrai milhares de turistas ao continente branco
Luxuosos navios com centenas de turistas vão chegando, uns atrás dos outros, às paisagens geladas da Antártida, onde há várias atividades programadas para os visitantes (festas eróticas incluídas). É o chamado "efeito TikTok": os vídeos do paraíso atraem cada vez mais curiosos.
Corpo do artigo
É o local mais frio do mundo, mas está cada vez mais acessível aos turistas, ansiosos por publicarem nas redes sociais as selfies tiradas com as impactantes paisagens da Antártida.
O luxuoso navio de cruzeiro Roald Amundsen, recentemente adquirido por um fundo de investimento de Londres e Nova Iorque, é quase uma presença constante ao largo da costa do continente branco. Os cerca de 500 passageiros da embarcação pagaram 20 mil euros (cada) pela aventura de 18 dias. E atrás deste navio, chegará outro. E outro. E outro. O turismo de massas, uma dor de cabeça em cidades de todo o planeta, também já chegou ao último local "virgem" do globo.
A Ilha Deceção é um dos enclaves mais visitados da Antártida, num fenómeno que António Quesada, responsável do Comité Polar Espanhol, descreve como "muito recente". "Há vinte anos, menos de 20 mil pessoas visitavam anualmente a Antártida, mas, no ano passado, registaram-se cerca de 125 mil turistas. Parece pouco para um continente que tem 26 vezes o tamanho da Península Ibérica, mas a maioria deles vai aos mesmos locais", explicou.
Para a geógrafa australiana Anne Hardy, citada pelo jornal "El País", trata-se do efeito TikTok, rede social constantemente inundada com vídeos de turistas a dançar entre icebergues e nas paisagens gélidas do continente. Lá já é possível correr maratonas, fazer canoagem, subir a montanha mais alta (por cerca de 50 mil euros) e participar em festas eróticas. Ainda assim, a elevada procura, alerta Hardy, pode gerar "comportamentos inadequados capazes de danificar o ecossistema".