Os neonazis da Aurora Dourada tornaram-se a terceira força política grega. O facto de boa parte da liderança estar presa a aguardar julgamento por crimes violentos não impediu a subida. A Grécia segue, assim, os passos de radicais de outros países, que têm subido nas intenções de voto. O cenário de uma tomada de poder silenciosa, por via das urnas, vai ganhando terreno.
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É o caso da França, cujas presidenciais de 2017 poderão dar a vitória à Frente Nacional, que recolhia 30% das intenções de voto ainda antes dos atentados no Charlie Hebdo. Desde que Marine le Pen assumiu a liderança do partido, em 2011, tem amenizado o discurso e, com isso, conquistado adeptos e a hipótese de suceder a Hollande.
Mas antes das eleições francesas, em maio os britânicos vão às urnas e o UKIP - com um discurso anti-imigração e anti-União Europeia mais fundado na economia e não tanto ideológico - recebe 18% das intenções de voto.
Tal como na França, na Dinamarca o radical Partido do Povo Dinamarquês venceu as eleições para o Parlamento Europeu. E na Áustria, o Partido da Liberdade subiu 7% face à anterior votação. Estes resultados contribuíram para que, hoje, perto de um quarto do Parlamento Europeu seja dominado por eurocéticos, de Esquerda ou Direita.
De facto, a ascensão da Direita radical estende-se a quase toda a Europa. Na Alemanha, o movimento anti-islâmico Pegida organiza manifestações em várias cidades, desde outubro. As contra manifestações captam ainda mais alemães, mas o Pegida tem ganhado energia e, agora, o apoio político do partido Alternativa para a Alemanha.
Na Suécia, os dois partidos do Centro chegaram a um acordo sem precedentes para evitar eleições que poderiam fortalecer a Extrema-Direita, a terceira força política. As últimas sondagens davam 13% das intenções de voto ao Democratas Suecos, mais do dobro face a quatro anos antes.
Na Holanda, o anti-islâmico Partido da Liberdade avança nas intenções de voto, apesar de o líder responder em tribunal de incitamento à violência racial. Palavras incendiárias são partilhadas pela italiana Liga do Norte, que professa uma política anti-imigração.