Netanyahu ameaça Hamas com “consequências inimagináveis” se não libertar os reféns
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ameaçou, esta segunda-feira, o Hamas com consequências que o movimento islamita palestiniano “não pode imaginar” se não libertar os reféns israelitas detidos na Faixa de Gaza.
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“Digo ao Hamas: se não libertarem os nossos reféns, haverá consequências que não podem imaginar”, declarou Netanyahu a partir da tribuna do Parlamento em Jerusalém, durante uma sessão que foi particularmente agitada, nomeadamente por familiares dos reféns que o vaiaram antes de serem retirados pelos seguranças, numa altura em que o futuro das tréguas em Gaza entre Israel e o Hamas parece incerto.
Por outro lado, Netanyahu acrescentou que “chegou a hora de dar ao povo de Gaza a liberdade de partir”, depois de elogiar o plano de Trump, de expulsar os palestinianos de Gaza como uma “visão corajosa”.
Com a guerra em Gaza, salientou, “os ricos foram-se embora, mas os pobres ficaram e estão sujeitos à autoridade do Hamas, que os explora para os seus próprios fins”, disse Netanyahu.
“É altura de dar ao povo de Gaza uma verdadeira escolha, é altura de lhe dar a liberdade de sair”, acrescentou, sem dar mais pormenores.
Hoje, o movimento islamista palestiniano Hamas acusou Israel de estar a tentar destruir o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que se encontra atualmente num impasse.
"As violações do acordo durante a primeira fase provam, sem sombra de dúvida, que o Governo de ocupação [Israel] queria que o acordo fracassasse e está a trabalhar arduamente para conseguir isto", afirmou Osama Hamdan, um alto responsável do Hamas, num vídeo.
"Neste contexto, as recentes decisões de Netanyahu em adotar a proposta norte-americana de prolongar a primeira fase do pacto contradizem o que foi acordado", acrescentou.
Hamdan afirmou que a pressão de Israel para uma extensão da primeira fase do acordo foi uma "tentativa flagrante de evitar entrar em negociações para a segunda fase".
A primeira fase do acordo, com a duração de 42 dias, entrou em vigor em 19 de janeiro, após 15 meses de uma guerra devastadora em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel e expirou sábado.
As negociações deveriam continuar agora para negociar a segunda fase, que, de acordo com o Hamas, prevê "um cessar-fogo abrangente e permanente" e a "retirada completa" de Israel de Gaza.
Israel, por outro lado, quer que o movimento palestiniano liberte mais reféns como parte de uma extensão da primeira fase, em vez de passar para a segunda.
Dos 251 reféns sequestrados pelo Hamas durante o ataque em Israel, em 7 de outubro de 2023, 62 continuam detidos em Gaza, incluindo 35 mortos, segundo o exército israelita.
O Governo de Netanyahu tem dito repetidamente que reserva ao direito de retomar os combates a qualquer momento para destruir o Hamas, se este não depor as armas.
No domingo, Israel disse ter aceitado um compromisso dos Estados Unidos, rejeitado pelo Hamas, que prevê um prolongamento da primeira fase da trégua durante o Ramadão e a Páscoa, até meados de abril.
O plano dos Estados Unidos estipula, segundo Israel, que "metade dos reféns [israelitas em Gaza], mortos e vivos", seriam repatriados no primeiro dia da sua entrada em vigor. Os restantes reféns seriam entregues "no final, se for alcançado um acordo de cessar-fogo permanente".
Perante a rejeição do Hamas, Israel bloqueou no domingo, até novas ordens, a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, onde cerca de 2,4 milhões de palestinianos estão cercados pelo exército israelita desde outubro de 2023.