Primeiro-ministro Benjamim Netanyahu elogiou incursão israelita em Nablus, na qual morreram 11 palestinianos. Milícias de Gaza retaliaram com lançamento de seis foguetes.
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Um dia após as forças israelitas terem atacado Neblus, no Norte da Cisjordânia - tirando a vida a 11 palestinianos -, Benjamim Netanyahu, primeiro-ministro do país, vangloriou a operação do Exército, que, alegadamente, teve como alvo militantes que estariam a planear ataques. Entre as vítimas, contudo, contabilizam-se civis.
"Temos uma política clara: atacar com força o terrorismo", destacou esta quinta-feira o líder, poucas horas após as milícias da Faixa de Gaza terem lançado um ataque com seis foguetes, reivindicado pelo movimento Jihad Islâmica, contra o Sul de Israel, como resposta ao violento episódio precedente.
Considerado o chefe de Governo mais à Direita na História de Israel, Netanyahu - que voltou a agarrar o cargo em dezembro de 2022 - tem firmado uma posição belicista contra a Palestina e voltou a frisar que o Estado "continuará a agir com força em todas as frentes, a fim de frustrar os esforços dos inimigos". Mas a política de agressão está a desencadear uma escalada da tensão, que se tem tornado cada vez mais intensa e, aparentemente, difícil de ser travada.
Efeito "bola de neve"
Depois de seis foguetes (cinco foram intercetados) serem disparados da Faixa de Gaza em direção ao Sul de Israel, fazendo soar os alarmes nas cidades de Sderot e Ashkelon, o Exército retaliou, ao atacar o território palestiniano com dois bombardeamentos: um num centro de fabricação de armas e outro num complexo militar. Ainda que nenhuma das incursões tenha causado vítimas, ambas as operações constituem um claro sinal de que nenhum dos lados está disposto a cessar as hostilidades.
Além das palavras de Netanyahu, um porta-voz do movimento Hamas, que lidera o enclave costeiro, alertou que a paciência "está a esgotar-se" e que, perante as recentes ofensivas, o grupo vê-se obrigado a responder na mesma moeda, causando um efeito "bola de neve" que está longe de ter fim.
"A resistência em Gaza está a observar a escalada de crimes do inimigo contra o povo na Cisjordânia", alertou Abu Obeida, citado pelo "Al Jazeera".
O contexto em que as duas fações se encontram levou o mediador da ONU para o Médio Oriente, Tor Wennesland, a dirigir-se a Gaza, onde, num encontro, tentou suavizar a tensão junto dos líderes do Hamas, informou uma fonte diplomática citada pela agência Reuters, sem revelar mais detalhes.
Pelo Mundo, as constantes ofensivas estão a deixar vários países e organizações internacionais apreensivos, uma vez que a situação na região é a "mais inflamável em anos", descreveu António Guterres, secretário-geral da ONU, ao lembrar que o "processo de paz" está "bloqueado".
Já Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia, salientou que o bloco comunitário está "profundamente alarmado com a espiral de violência".
Do lado dos EUA, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, também se mostrou atento. "Reconhecemos as reais preocupações de segurança enfrentadas por Israel. Ao mesmo tempo, estamos preocupados com o número de baixas e a perda de vidas civis", assinalou, sem tomar partidos.