Eleição do primeiro presidente dos EUA condenado, e previsível domínio do Congresso norte-americano, afiguram-se como um teste às instituições democráticas.
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O empate técnico que, em uníssono, apregoavam as sondagens, esfumou-se nas urnas que, às primeiras horas desta quarta-feira, desmoronaram as aspirações democratas de conduzir à liderança da Casa Branca uma primeira mulher, e mulher negra, lançada como candidata pouco mais de três meses antes do escrutínio. Nem os sete estados decisivos – historicamente oscilantes – escaparam ao domínio republicano, permitindo a Donald Trump assegurar mais de 290 votos eleitorais – só precisava de 270 – que o devolvem, incontestado, e quatro anos depois, ao desejado assento na Sala Oval, a que soma ainda a reconquista do Senado e o previsível controlo de todo o Congresso. O discurso de Kamala Harris, adiado até ao limite, chegou já de tarde em Washington, assumindo que “o resultado não foi o esperado”.
Além dos votos para o Colégio Eleitoral, o candidato republicano – que protagonizou uma campanha de retórica sombria que veio agravar a polarização no país, ao capitalizar as preocupações dos eleitores com os preços elevados e o aumento da criminalidade que atribuiu, sem provas, à imigração ilegal – derrotou também Harris no voto popular com uma vantagem que, ainda sem todos os estados fechados, é já de cerca de cinco milhões – 72 milhões de votos (51%) contra os 67 milhões arrecadados pela candidata democrata (47,5%) –, feito que nenhum republicano logrou alcançar nos últimos vinte anos, desde George W. Bush, em 2004.