A vencedora do Prémio Nobel da Paz 2025, María Corina Machado, manifestou confiança de que o presidente da Venezuela "deixará o poder com ou sem negociações", lembrando que foram oferecidas garantias a Nicolás Maduro.
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"Dissemos que estamos prontos para oferecer garantias, que não tornaremos públicas até estarmos sentados à mesa das negociações", disse Machado, numa entrevista, por videoconferência, à agência de notícias France-Presse (AFP).
"Se ele [Nicolás Maduro] insistir, as consequências serão da sua responsabilidade direta. De mais ninguém", alertou a líder da oposição venezuelana, na segunda-feira.
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O presidente da Venezuela "tem atualmente a oportunidade de caminhar para uma transição pacífica. (...) Com ou sem negociações, deixará o poder", declarou María Corina Machado.
"Nas últimas horas, vários companheiros foram presos e a repressão está a aumentar. Esta é uma forma de tentar parecer fortes, porque sabem que tudo o que está a acontecer é um golpe fatal", defendeu a opositora.
Além da atribuição do Nobel da Paz, Machado apontou para o envio por parte dos Estados Unidos de navios de guerra para a costa da Venezuela, que já afundaram quatro embarcações, descritas por Washington como dedicadas ao tráfico de droga.
No domingo, em entrevista ao jornal norueguês Dagens Naeringsliv, Machado disse que só poderá viajar para a Noruega, em dezembro, para receber o Prémio Nobel da Paz, caso o presidente venezuelano abandone o poder.
"Enquanto Maduro estiver no poder, não posso deixar o lugar onde estou escondida porque há ameaças diretas contra a minha vida", disse a líder da oposição.
Na sexta-feira, Machado recebeu o Prémio Nobel da Paz 2025 "pelo seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e pela sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia", segundo o Comité Norueguês do Nobel, sediado em Oslo.
A líder da oposição destacou que, para ir a Oslo, a Venezuela precisa de ser livre.
"Aprendi a viver o dia-a-dia, e o povo venezuelano está a fazer tudo o que pode" pelo seu futuro, acrescentou a líder política.
Desde 2024 que a vencedora do Prémio Nobel da Paz reivindica aquilo que insiste ter sido a vitória do líder da oposição Edmundo González, nas eleições presidenciais de 28 de julho desse ano.
Atualmente, Edmundo González Urrutia está exilado em Espanha.
Para María Corina Machado e para a maior coligação da oposição, a Plataforma Democrática Unitária, Urrutia foi o vencedor das eleições, apesar de o órgão eleitoral, controlado pelas autoridades do governo, ter declarado Maduro reeleito.
Urrutia "declarou que quer que eu o acompanhe como vice-presidente", disse Machado à AFP, que não pôde candidatar-se por ter sido declarada inelegível.
"Estarei onde puder ser mais útil ao nosso país", acrescentou.