O Presidente do Bangladesh, Mohammed Shahabuddin, nomeou hoje o economista Muhammad Yunus, reconhecido em 2006 com o Prémio Nobel da Paz, líder do governo interino, após o nome ter sido proposto pelos líderes dos protestos antigovernamentais.
Corpo do artigo
Yunus vai liderar o executivo após a demissão e fuga do Bangladesh, na segunda-feira, da ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, adiantou à agência Efe o assessor de imprensa de Shahabuddin, Mohammad Joynal Abedin.
Representantes dos movimentos estudantis, organizadores das semanas de protestos antigovernamentais que derrubaram Hasina e causaram mais de 400 mortes, indicaram, em conferência de imprensa, que a decisão foi tomada após uma reunião com o chefe de Estado do Bangladesh e os responsáveis pelas forças de segurança.
Muhammad Yunus já tinha garantido estar pronto para substituir a primeira-ministra, enquanto líder de um governo provisório, numa declaração escrita à agência noticiosa France-Presse (AFP).
"Estou comovido com a confiança dos manifestantes que me querem à frente do governo provisório. Sempre mantive a política à distância (...) Mas hoje, se for necessário agir no Bangladesh, pelo meu país e pela coragem do meu povo, então fá-lo-ei", garantiu o laureado, apelando à organização de "eleições livres".
O governo interino terá como prioridade repor a situação da lei e da ordem nas ruas, depois dos protestos que começaram há um mês para exigir o cancelamento de um sistema de quotas para empregos públicos e acabaram por exigir a demissão de Hasina após a brutal repressão das manifestações.
Pelo menos 99 pessoas morreram desde segunda-feira, segundo um balanço elaborado pela Efe, elevando o número de mortos desde o seu início, no início de julho, para mais de 400.
Hasina, a líder mais antiga do sul da Ásia, demitiu-se na segunda-feira e trocou o país pela Índia, pondo fim ao seu Governo de 15 anos.