A presidente brasileira, Dilma Rousseff, afirmou esta quarta-feira que a nomeação do seu antecessor no cargo, Lula da Silva, como ministro da Casa Civil, visa "fortalecer" o Executivo.
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"A chegada de Lula no meu governo fortalece-o e há pessoas que não o querem mais forte", referiu, numa referência aos opositores políticos que tem-na acusado de estar a tentar proteger o seu antecessor e mentor político, envolvido na investigação à Operação Lava Jato.
A chefe do Estado brasileiro destacou o "compromisso" de Lula da Silva com o equilíbrio fiscal e o controle da inflação, na sua primeira entrevista à imprensa após ter sido anunciada a nomeação.
"Quando o Lula assumiu o Governo, as nossas reservas não davam para pagar as dívidas. Hoje, continuamos firmes com as nossas reservas e seguros", realçou, citada pela imprensa brasileira.
A líder brasileira sublinhou igualmente a "inequívoca experiência política" do seu antecessor, que agora irá ocupar um dos cargos mais importantes no Executivo, e a sua experiência com políticas públicas.
Relativamente aos "superpoderes" que o seu mentor político teria no Governo, Dilma riu-se e afirmou: "Há seis anos que vocês (a imprensa) tentam separar-me do Lula".
"A minha relação com o Lula não é de poderes ou superpoderes. Tudo que ele puder fazer para ajudar o país, será feito", referiu.
Dilma Rousseff também deu conta das dúvidas do ex-presidente para assumir o cargo na Casa Civil, por causa do "confronto com a oposição", mas, adiantou, "elas já foram integralmente superadas e já tínhamos a decisão ontem (terça-feira)".
A Presidente tentou clarificar que a nomeação não fará com que Lula da Silva deixe de ser investigado no âmbito da Operação Lava Jato, que trata de um esquema de corrupção em várias empresas, incluindo a petrolífera Petrobras.
Ao entrar para o Governo, o ex-Presidente passa a ter direito a foro privilegiado, podendo apenas ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal.
"O foro privilegiado nunca foi, nem será motivo de obstaculização de investigações. Nós não temos nenhuma incidência no curso das investigações, nem pretendemos ter, ao ter o presidente Lula como ministro", sublinhou.
O político ressaltou que tanto a atual Presidente com o seu antecessor são reconhecidos por terem valorizado e dado autonomia aos órgãos de controlo, como a Procuradoria-Geral da República.
Para além da polémica em torno da nomeação ocorrer durante a investigação judicial, a escolha do ex-chefe de Estado para um dos mais altos cargos no país é vista como uma manobra política, numa altura em que a Presidente arrisca um processo de impugnação.