Ex-presidente dos Estados Unidos participa esta terça-feira em audiência no tribunal de Manhattan. Polícia quer evitar episódio similar a invasão do Capitólio.
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Nova Iorque prepara-se para receber esta terça-feira um evento inédito: pela primeira vez, um ex-presidente norte-americano será acusado criminalmente. Donald Trump, que chegou hoje à cidade no avião particular, vai comparecer no tribunal de Manhattan na tarde de amanhã. A polícia de Nova Iorque pôs barricadas em frente à Trump Tower e colocou um efetivo de 35 mil agentes em alerta, apesar de não ter detetado qualquer ameaça.
O candidato às primárias presidenciais de 2024 do Partido Republicano será acusado formalmente pelo pagamento de suborno à atriz pornográfica Stormy Daniels, em 2016. O dinheiro seria para que Daniels não tornasse público um encontro sexual que teve com Trump em 2006, quando o magnata já estava casado com a atual esposa, Melania. O pagamento de 130 mil dólares (cerca de 120 mil euros) pelo silêncio ocorreu um mês antes das eleições presidenciais de 2016 e foi registado como honorários legais.
O ex-advogado pessoal de Trump, Michael Cohen, foi quem realizou o pagamento e hoje é a principal testemunha do procurador Alvin Bragg. Cohen foi condenado em 2018 por violações fiscais na campanha eleitoral e por falso testemunho ao Congresso dos Estados Unidos, quando trabalhava ainda para o magnata.
Bragg foi uma das principais vítimas dos ataques de Trump e dos seus apoiantes nas redes sociais. O ex-presidente dos EUA classificou o procurador distrital de Nova Iorque como um "psicopata" e o caso como uma "perseguição política".
O antigo chefe de Estado norte-americano afirmou que é odiado pelo juiz Juan M. Merchan e que este foi escolhido "à mão" pelos procuradores. O magistrado foi quem tratou, em 2022, do caso de fraude fiscal da Trump Organization, em que a empresa foi considerada culpada. No entanto, Joe Tacopina, um dos atuais advogados de Trump, afirmou à CNN que não tem problemas com o juiz, cuja reputação é "muito boa".
SEGURANÇA REFORÇADA
O Departamento de Polícia da Cidade de Nova Iorque tem 35 mil agentes prontos para agir, se for necessário. A polícia está a trabalhar também em conjunto com outras autoridades, como os Serviços Secretos. Os pontos principais de atenção para possíveis manifestações são a Trump Tower e o tribunal de Manhattan. O F.B.I. não identificou, no entanto, uma ameaça específica, segundo fontes ouvidas pelo "The New York Times".
Não há previsão de um discurso de Donald Trump em Nova Iorque, o que poderia mudar o esquema de segurança. O ex-presidente vai discursar apenas às 20.15 (01.15 de quarta-feira em Lisboa) na mansão de Mar-a-Lago, na Florida.