A marca de roupa "United Colors of Benetton" originou nova polémica ao usar fotografias de um grupo de imigrantes, que chegaram ao porto de Valência, para fins publicitários.
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A marca italiana, já acostumada a campanhas impactantes, tornou-se alvo de muitas críticas, incluindo de Matteo Salvini, ministro do interior de Itália, país que negou receber os 629 imigrantes resgatados pelo navio humanitário "Aquarius".
No Twitter, Matteo Salvini escreveu "Só eu considero isto repugnante?", numa publicação que mostrava as imagens da campanha publicitária da Benetton.
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A organização não-governamental "SOS Méditerranée", uma das associações responsáveis pelo resgate dos imigrantes do "Aquarius", também condenou a utilização das fotografias para publicidade. "SOS Méditerranée desvincula-se por completo desta campanha que mostra uma fotografia tirada enquanto as nossas equipas resgatavam pessoas em perigo no mar durante uma operação realizada a 9 de junho", pode ler-se num comunicado emitido pela organização.
"A dignidade dos sobreviventes deve ser respeitada em todas as circunstâncias. A tragédia humana (...) nunca deve ser usada com fins comerciais", defendeu a "SOS Méditerranée".
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De acordo com a ONG responsável pelo resgate, o contrato com o fotógrafo Kenny Karpov, que tirou a fotografia, proíbe a cedência de imagens.
A campanha publicitária, publicada no jornal italiano "La Repubblica" e nas redes sociais da empresa italiana, consiste em dois anúncios. Num deles, os imigrantes, vestidos com coletes salva-vidas nos quais a marca foi adicionada, são resgatados. No outro, é mostrada uma fotografia de mulheres e crianças com membros da Cruz Vermelha na chegada a Espanha.
A Benneton não respondeu à polémica, mas Oliviero Toscani, fotógrafo oficial das campanhas da marca, explicou à imprensa a mensagem política que queria transmitir. "Não sou um vendedor, não quero fazer publicidade, quero ser uma testemunha do meu tempo", assegurou ao jornal italiano "La Tribuna di Treviso". "Mostrei o que está a acontecer. O problema é que, uma vez fomos um país de pessoas boas, honestidade e generosidade. Infelizmente, este pequeno bem-estar, que nem estava disponível para todos, tornou-nos egoístas".
Não é a primeira vez que as campanhas publicitárias da Benetton causam controvérsia. Algumas campanhas de Toscani, que mostravam um paciente com sida, uma mulher negra a amamentar um bebé branco ou uma freira a abraçar um jovem sacerdote, marcaram a publicidade dos anos 90.