Uma orca, que ficou conhecida em 2018 por nadar mais de 1600 quilómetros a empurrar o corpo do seu recém-nascido morto, parece estar novamente de luto, tendo sido avistada recentemente a transportar o corpo da sua mais recente cria.
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Tahlequah (ou J35) é um membro da população de orcas residentes do sul, criticamente ameaçada, um ecotipo que os especialistas temem que esteja a caminho da extinção da costa do Pacífico.
A orca tem quatro crias documentadas. A primeira nasceu há 14 anos e ainda está viva e a terceira nasceu em 2020 e também é saudável. Mas a baleia fez manchetes em 2018 quando foi vista a empurrar o corpo da sua segunda cria, morta, pelo Mar de Salish durante 17 dias num aparente ato de luto. De acordo com a BBC, as orcas empurram as crias mortas durante uma semana, mas cientistas disseram, em 2018, que Tahlequah tinha estabelecido um "recorde".
Agora, Tahlequah, que tem cerca de 25 anos, parece ter perdido mais uma cria, que também era uma fêmea. Segundo o Center for Whale Research, sediado no estado de Washington, EUA, a orca foi vista na área de Puget Sound com a cria morta. Inicialmente, os investigadores estavam otimistas em relação à cria de Tahlequah, conhecida como J61, mas suspeitaram rapidamente que o recém-nascido tinha problemas de saúde, de acordo com o jornal britânico "The Guardian".
“O início da vida é sempre perigoso para novas crias, com uma taxa de mortalidade muito alta no primeiro ano. A J35 é uma mãe experiente e esperamos que consiga manter o J61 vivo durante estes primeiros dias difíceis”, escreveu o Center for Whale Research a 24 de dezembro.
A morte repentina da cria deixou a equipa do centro “profundamente triste”, embora, no mesmo dia, tenha sido anunciado o nascimento de uma outra cria. “A véspera de Ano Novo de 2024 foi um dia de altos e baixos extremos. Temos a confirmação de outra nova criar no grupo J, mas, infelizmente, também se soube a notícia devastadora de que J61 não sobreviveu", escreveu agora o centro. "A morte de qualquer cria é uma perda tremenda, mas a morte de J61 é particularmente devastadora, não apenas porque era uma fêmea, que poderia um dia potencialmente liderar a sua própria linhagem, mas também devido à história da sua mãe J35, que agora perdeu dois de quatro crias documentadas — ambas fêmeas”.
Tahlequah está a usar grande parte da energia para se agarrar à cria morta, que pesa cerca de 136 quilos, e não consegue procurar comida. No entanto, está a a ser sustentada por outras orcas fêmeas, nomeadamente a sua irmã, que têm sido observadas constantemente ao seu redor, de acordo com o "The New York Times".
As orcas residentes no sul, uma das várias comunidades distintas de orcas que habitam o noroeste do Pacífico, geralmente ficam perto da Colúmbia Britânica e do estado de Washington, embora algumas nadem para o norte até ao Alasca e para o sul até à Califórnia. Os machos, que podem pesar até cerca de 9070 quilos, geralmente vivem cerca de 30 anos, e as fêmeas, de até 7250 quilos, sobrevivem até aos 50 ou 60 anos.
Estes animais dependem do salmão Chinook, conhecido como "Rei Salmão", que está em declínio nos últimos anos, para alimentação. De acordo com um estudo da Universidade de Washington, falhas na reprodução estão ligadas à nutrição e à falta de acesso a esses salmões.
Segundo uma avaliação recente, a população caiu para 73, um número confirmado pelo Centre for Whale Research. Acredita-se que haja apenas 23 fêmeas reprodutoras. Nos últimos meses, grupos de conservação pediram ao governo do Canadá que emitisse uma ordem de emergência usada para proteger uma espécie à beira da extinção. Esta ordem só foi usada duas vezes anteriormente: uma para salvar a grande tetraz-das-artemísias em Alberta e, mais tarde, para a proteção da rã-coral ocidental no Quebeque.