Novo líder liberal canadiano Mark Carney prevê transferência rápida de poder por Trudeau
O novo líder do Partido Liberal do Canadá, Mark Carney, reuniu-se esta segunda-feira com o antecessor e primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, para preparar uma rápida transferência de poder no país norte-americano.
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Carney, antigo governador dos bancos centrais canadiano e britânico, conquistou no domingo a presidência do Partido Liberal com uma vitória clara sobre os seus rivais e pretende tomar posse como primeiro-ministro nos próximos dias.
Depois de se ter reunido hoje com Trudeau no Parlamento, Carney não disse quando é que Trudeau se demitiria para que ele pudesse assumir o cargo, apenas que tal aconteceria "em breve".
Carney limitou-se a dizer aos jornalistas que a sua longa conversa com Trudeau, que em janeiro anunciou que se demitiria do cargo de chefe de governo assim que o Partido Liberal elegesse um novo líder, tinha girado em torno das relações com os Estados Unidos e da segurança nacional.
Nas redes sociais, Trudeau afirmou que "os canadianos têm muito trabalho pela frente", que está a "começar agora".
No domingo, depois de ter sido declarado novo presidente do Partido Liberal com cerca de 86% dos votos expressos, Carney dedicou grande parte do seu discurso a denunciar os ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à economia e à soberania canadianas.
Carney, que liderou o Banco do Canadá (2008-2013) e o Banco de Inglaterra (2013-2020), garantiu que o seu governo manterá as retaliações comerciais contra os EUA "até que os americanos mostrem respeito" pelos canadianos.
"E até que possam assumir compromissos credíveis e fiáveis em matéria de comércio livre e justo", acrescentou.
Para que Carney se torne o 25º primeiro-ministro do Canadá, Trudeau deve apresentar formalmente a sua demissão à governadora-geral do país, que exerce as funções de chefe de Estado, Mary Simon.
Em seguida, terá também perante Simon de prestar juramento como chefe do governo canadiano.
Dissolver ou não o Parlamento
Carney, de 59 anos derrotou a ex-vice-primeira-ministra e ministra das Finanças Chrystia Freeland, cuja demissão do governo em dezembro desencadeou a crise no Partido Liberal e no Governo Justin Trudeau.
O novo líder liberal é um economista reputado, com experiência em Wall Street, a quem se atribui o mérito de ter ajudado o Canadá a evitar o pior da crise económica global de 2008 e de ter ajudado o Reino Unido a gerir o Brexit.
Uma das primeiras decisões que Carney terá de tomar como primeiro-ministro é a de dissolver ou não o Parlamento e convocar imediatamente os canadianos para as urnas, uma vez que estão previstas eleições gerais para outubro deste ano.
Trudeau decidiu em janeiro suspender o Parlamento até 24 de março para permitir que os liberais elegessem um novo líder e preparassem a transição.
Os liberais estão em minoria na câmara baixa, pelo que a união dos três principais partidos da oposição (o Partido Conservador, o social-democrata Novo Partido Democrático e o soberanista Bloco Quebequense) poderia ganhar uma moção de desconfiança e desencadear eleições antecipadas.
Até janeiro, as sondagens indicavam que o Partido Conservador, liderado por Pierre Poilievre, ganharia confortavelmente as eleições, com uma vantagem de até 26 pontos sobre os Liberais, que corriam o risco de ser relegados para o quarto lugar no Parlamento.
Mas a demissão de Trudeau e os constantes ataques de Trump ao Canadá fizeram com que os liberais reduzissem drasticamente a vantagem dos conservadores nas sondagens ou até mesmo a alcançassem.
Trudeau, descendente de Pierre Trudeau, um dos primeiros-ministros mais conhecidos do Canadá (entre 1968 e 1979 e, depois, entre 1980 e 1984), tornou-se profundamente impopular entre os eleitores devido a questões como o aumento do custo da alimentação e da habitação, bem como a imigração.