A conferência das Nações Unidas sobre o clima arranca na próxima segunda-feira no Azerbaijão. É mais um ano em que se bateram recordes de temperatura e ocorreram várias catástrofes naturais. Da COP29 espera-se uma maior definição dos países sobre as compensações financeiras para a ação climática.
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O que é a COP?
A COP, Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, é a cimeira do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), onde se reúnem estados, organizações não governamentais (ONG) e outros atores, como empresas, instituições académicas e demais especialistas em clima. É um evento anual marcado por negociações entre os países para conter a crise climática e, consequentemente, os efeitos devastadores das alterações do clima.
Onde vai ser a COP?
A 29.ª edição da COP vai acontecer em Baku, no Azerbaijão, um dos maiores produtores de combustíveis fósseis do Mundo. A cimeira começa na segunda-feira, dia 11 de novembro, e prolonga-se até dia 22. Caso não haja acordo em determinadas matérias, é possível que a COP se estenda por mais alguns dias.
A escolha do local da cimeira tem sido alvo de críticas por parte de várias organizações não governamentais: não só por o Azerbaijão ser um dos maiores produtores mundiais de petróleo - e há investigações que mostram que o país se prepara para a maior produção de combustíveis fósseis na próxima década -, como pelos atentados aos direitos humanos. De acordo com a União para a Liberdade dos Presos Políticos do Azerbaijão, havia 319 pessoas detidas em setembro no Azerbaijão por delitos de opinião.
O presidente da cimeira do clima é Mukhtar Babayev, ministro da Ecologia e dos Recursos Naturais do Azerbaijão e que já trabalhou na indústria petrolífera.
É o terceiro ano em que a COP acontece num país produtor de petróleo: depois de 2022, em que a cimeira realizou-se no Egipto, e no ano passado, no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
O que vai ser discutido este ano?
A COP29 está a ser designada como "COP financeira", isto porque se espera que os países definam como vão prestar apoio financeiro à ação climática global, nomeadamente aos países mais vulneráveis, que são os mais pobres, os que menos contribuem para as alterações climáticas, mas os mais atingidos pelas catástrofes. Será também necessário clarificar que países desenvolvidos vão pagar essa fatura.
Há, por exemplo, uma indefinição sobre a China, que é uma das maiores economias mundiais, mas o território é considerado um país em desenvolvimento. Na teoria, não iria contribuir para os fundos climáticos. No entanto, a questão não é linear, já que está entre os países mais poluentes do Mundo, tal como a Índia ou o Brasil.
Por outro lado, em cima da mesa, no Azerbaijão, há também as metas climáticas. Os países devem desenvolver, na cimeira, quais os novos compromissos climáticos ao abrigo do Acordo de Paris e comunicá-los no início de 2025.
Quais os mais recentes dados sobre o clima?
Os avanços da crise climática não dão sinais de abrandamento. O relatório anual das Nações Unidas sobre a emissão de gases com efeito de estufa, divulgado em outubro deste ano, mostra que o planeta poderá aquecer até 3,1 graus Celsius em 2100. Este poderá ser um ponto de não retorno para o clima, com impactos devastadores para a vida na Terra.
Soube-se esta quinta-feira, 7 de novembro, que 2024 será o primeiro ano em que a temperatura média do planeta irá ultrapassar o limite de aquecimento de 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, segundo a projeção do Copernicus, o programa de observação da Terra da União Europeia.
Segundo a ONU, face aos dados conhecidos, será difícil cumprir as metas do Acordo de Paris, que estabelece que o aquecimento global deve manter-se abaixo dos 1,5 graus Celsius ou, no pior dos casos, em 2 graus Celsius.
Quais os líderes mundiais que não vão estar na cimeira?
Todos os países apresentam delegações na COP, geralmente representantes governamentais sobre o clima e o ambiente das respetivas nações. No entanto, em algumas cimeiras do clima, os principais líderes mundiais, como primeiros-ministros ou presidentes, marcaram também presença.
Este ano, algumas ausências já estão a ser notadas como a de Emmanuel Macron, presidente de França, Vladimir Putin, presidente da Rússia, Joe Biden, atual presidente dos Estados Unidos, e Lula da Silva, presidente do Brasil.
De acordo com Francisco Ferreira, presidente da Zero, é "normal" os principais líderes mundiais não estarem presentes todos os anos, apesar do cenário de emergência climática.
Segundo o ambientalista, a COP deste ano é uma "conferência de preparação" para a cimeira do próximo ano, no Brasil, considerada mais relevante do que a deste ano, no Azerbaijão. Em 2025, será o momento para "confirmar as novas metas climáticas para 2035", aponta Francisco Ferreira.