
Aumento do número de desaparecidos deve-se também ao crescente número de conflitos
Foto: Eyad Baba / AFP
O número de pessoas desaparecidas em todo o mundo aumentou 70% em cinco anos, indicou esta terça-feira o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), com base nos seus registos.
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"É mais um triste lembrete do fracasso coletivo" em proteger as pessoas em guerras e crises, sublinhou o diretor-geral do CICV, Pierre Krähenbühl.
O responsável proferiu estas palavras na inauguração da quarta Conferência Internacional para Familiares de Pessoas Desaparecidas, que contou com a participação à distância de membros de 900 famílias afetadas por este flagelo em mais de 50 países.
"A presença de todos vós aqui hoje já mostra a dimensão desta tragédia", lamentou o diretor-geral do CICV, no início da conferência que decorrerá durante três dias.
Esse aumento do número de desaparecidos deve-se, explicou, ao crescente número de conflitos, à migração por rotas cada vez mais perigosas e ao cada vez maior desrespeito pelas leis da guerra.
A solução, apontou Krähenbühl, é a prevenção, através da proteção dos detidos e do respeito pelos civis por parte de Estados e atores envolvidos num conflito, em cumprimento do Direito Internacional Humanitário.
"Mas quando a prevenção falha, os Estados devem fornecer toda a informação disponível às famílias, cooperar com a outra parte para trocar informações e envidar esforços para esclarecer o paradeiro dos desaparecidos", acrescentou.
Neste ponto, Krähenbühl recordou o papel do CICV quando se trata de instar os Estados e as autoridades a agirem melhor, através do diálogo bilateral e de compromissos diplomáticos.
A cerimónia de abertura da conferência incluiu testemunhos de refugiados sírios e sudaneses na Jordânia e no Chade, respetivamente, bem como discursos de familiares de pessoas desaparecidas após a crise pós-eleitoral de 2011 na Costa do Marfim, entre outros.
O CICV, organização com mais de um século e meio de história especializada na assistência humanitária em situações de conflito, realizou a primeira destas conferências em Sarajevo, capital da Bósnia, em 2019.
