Estudos entre doentes com Covid-19 revelam percentagem inferior à da população em geral.
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Um estudo levado em hospitais de Paris veio confirmar um anterior, chinês: a proporção de fumadores entre doentes com Covid-19 - internados e em ambulatório - é muito inferior ao que seria expectável tratando-se de uma doença que afeta o aparelho respiratório.
Ainda que sem chegar avançar uma explicação, os investigadores alertam que o tabaco, em si, mata bem mais do que o novo coronavírus (75 mil pessoas por ano em França). Mas já levou à proposta de ensaios terapêuticos com sistemas transdérmicos, na medida em que podem estar em causa a nicotina e seus recetores.
O trabalho chinês foi publicado em 28 de fevereiro no "New England Journal of Medicine" e pretendeu caracterizar clinicamente os doentes com Covid-19.
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De uma amostra de 1099 pessoas, 85,4% não eram fumadores, 1,9% tinham fumado no passado e 12,6% eram fumadores habituais. Atentando no nível de gravidade que apresentaram, concluiu-se que 11,8% dos pacientes com doença moderada eram fumadores, número que subia a 16,9% dos casos graves. Ora, a população de fumadores na China é de 28%.
Os números franceses apontam um nível de fumadores entre infetados ainda inferior: 8,5%, num país onde 25,4% da população é fumadora habitual. As contas são da Assistência Pública-Hospitais de Paris, feitas com base em mais de 11 mil doentes hospitalizados, e intrigaram em particular o serviço de medicina interna do La Pitié-Salpêtriére, que aprofundou o estudo localmente.
E concluiu que só 4,4% dos doentes ali internados (idade mediana de 65 anos) com Covid-19 eram fumadores. Já entre os doentes em ambulatório (mediana 44 anos), 5,3% fumam habitualmente, diferença que pode ser atribuída ao facto de o tabagismo diminuir com a idade.
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Segundo os autores, o estudo "sugere fortemente que os fumadores habituais têm muito menos probabilidade de desenvolver uma infeção sintomática ou grave por SARS-CoV-2 face à população em geral. Divide o risco por cinco para pacientes em ambulatório e por quatro para pacientes hospitalizados".