O número de mortos no pior acidente industrial do Bangladesh ultrapassou, esta segunda-feira, os 650, depois de dezenas de corpos serem retirados dos escombros do prédio onde funcionavam cinco fábricas de roupa, informou o exército.
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O major Manzur Elahi, do gabinete criado pelo exército para coordenar a operação de socorro após o acidente de 24 de abril, disse à AFP que o balanço é agora de 654 mortos e deverá ainda aumentar.
O edifício de nove andares, onde operavam cinco fábricas de roupa que forneciam conhecidas marcas ocidentais, desabou a 24 de abril num subúrbio de Daca, com mais de 3.000 pessoas no interior.
Pelo menos 2.437 pessoas foram resgatadas com vida, disse Elahi.
Hoje, ao 12.º dia, centenas de familiares juntaram-se em volta do local onde gruas e 'bulldozers' trabalhavam numa montanha de betão e aço dobrado.
Os corpos recuperados estão desmembrados e em decomposição, o que está a atrasar a identificação das vítimas. Algumas foram identificadas pelos telemóveis que tinham nos bolsos ou pelos cartões de identificação das fábricas onde trabalhavam.
Os militares e bombeiros que estão a trabalhar nos escombros são obrigados a usar máscaras e ambientadores porque o cheiro é já muito intenso, disse o major Delwar Hossain à AFP.
Os resultados preliminares de um inquérito ordenado pelo governo às causas do acidente indicam que as vibrações provocadas por quatro potentes geradores colocados nos andares superiores do edifício terão provocado o colapso.
A polícia deteve 12 pessoas, incluindo o dono do prédio, Sohel Rana, e quatro proprietários de fábricas por obrigarem os funcionários a trabalhar um dia depois de terem surgido rachas na estrutura do prédio.
A mulher de um trabalhador morto no acidente apresentou uma queixa-crime por homicídio contra Rana, o dono de uma das fábricas e um engenheiro municipal.
Os três enfrentam a pena de morte por enforcamento se forem condenados por homicídio.
Rana, um dirigente local do partido Awami League, no poder, foi detido ao fim de quatro dias de buscas, quando tentava fugir para a Índia.
Os trabalhadores da indústria têxtil já realizaram protestos a pedir punições fortes para os responsáveis pelo desastre e a exigir a melhoria das regras de segurança.
O Bangladesh é o segundo maior produtor de roupa do mundo e a indústria têxtil constitui a base da sua economia. No entanto, apresenta índices de segurança considerados chocantes e já em novembro 111 pessoas morreram num incêndio numa fábrica.
O acidente levou a novas acusações por parte de ativistas de que as multinacionais ocidentais colocam os lucros à frente da segurança ao produzirem os seus produtos em países onde os trabalhadores ganham menos de 40 dólares por mês.