O total de palestinianos mortos a tiro pelo exército israelita nos protestos de segunda-feira em Gaza ligados à transferência da embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém subiu para 60, indicou o Ministério da Saúde palestiniano esta terça-feira.
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De acordo com Ashraf Al Qedra, porta-voz do ministério, um dos feridos, um homem de 30 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu durante a madrugada.
Além dos 60 mortos, oito deles menores, foram registados 2771 feridos, metade deles atingidos por balas ou metralha, incluindo 225 menores.
Os números são comparáveis a uma situação de guerra
Os mesmos números foram apresentados esta terça-feira pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que destaca que os feridos nos confrontos já "ultrapassaram, de longe", a capacidade de atendimento dos centros de saúde locais.
Segundo Mahmoud Dare, porta-voz da OMS em Gaza, os hospitais e unidades de saúde estão sobrelotados e estão a debater-se com falta de medicamentos e equipamentos, situação agravada pelos sucessivos cortes na energia elétrica. "Os números são comparáveis a uma situação de guerra. São mesmo muito grandes os números de feridos", frisou Dare.
A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) emitiu um comunicado, esta terça-feira, a denunciar a violência registada na Faixa de Gaza, considerando-a "inaceitável e desumana".
Segunda-feira foi o dia mais mortífero em Gaza desde a operação militar israelita Margen Protector, em 2014, na qual morreram mais de dois mil palestinianos em 50 dias.
A 30 de março, foi iniciado um movimento de contestação designado "marcha de retorno", que reivindica o regresso dos refugiados palestinianos às terras de onde foram expulsos ou fugiram após a criação do Estado de Israel, em 1948. Até à data, já morreram 109 palestinianos e mais de 12 mil ficaram feridos.
Os palestinianos celebram esta terça-feira a "Nakba" (catástrofe), que, no seu entender, representa o nascimento do Estado de Israel, a 14 de maio de 1948, com um dia de greve geral e de dor devido às mortes de segunda-feira.
Aguardam-se mais protestos e confrontos com as forças israelitas na faixa de Gaza e na Cisjordânia.