"Nunca tive suspeitas". Ex-mulher de cirurgião pedófilo francês nega saber dos abusos
A ex-mulher do cirurgião francês Joel Le Scouarnec, julgado por agredir sexualmente 299 pacientes, afirmou, esta quarta-feira, que "não suspeitava de nada" sobre o seu então marido, embora o seu ex-cunhado tenha declarado numa audiência que ela estava ciente e que não fez nada.
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"Não havia nada que pudesse leva-se a pensar nisso. Nada, nada, nada. Nunca tive suspeitas", declarou Marie-France, de 71 anos, no terceiro dia do julgamento do ex-marido no tribunal penal de Vannes, no oeste da França.
Marie-France, que se divorciou de Le Scouarnec em 2023, insistiu que nunca teve a menor suspeita sobre as tendências pedófilas do marido, apesar de vários documentos sugerirem o contrário.
Anteriormente, o irmão do acusado havia afirmado que Marie-France "estava ciente das ações do marido e não fez nada", mas que não tinha "provas" disso. Ela "poderia ter mandado prender o meu irmão", disse o ex-cunhado, que não escondeu a inimizade com Marie-France, a quem acusou de "querer o marido por dinheiro", de ter dormido com o primeiro marido da sua irmã, de ter tido um amante e até mesmo de ter tentado fazer avanços perante ele.
O homem também não escondeu a raiva que sente do irmão: "Acho que ele deveria ficar preso até morrer, isso seria bom para a sociedade", assegurou.
Cinco anos mais novo que o ex-cirurgião, o irmão afirmou que cortou todos os laços com Joel desde a denúncia pela violação da vizinha de seis anos em 2017, o que levou à apreensão de cadernos e arquivos nos quais o médico anotava detalhadamente os abusos cometidos e os nomes das vítimas, que estavam sob efeito de anestesia, entre 1989 e 2014, em hospitais do oeste da França.
Dois filhos do ex-cirurgião Joel Le Scouarnec explicaram na terça-feira, a devastação que o caso do pai trouxe para a família.
O caso provocou indignação e repulsa na França, ainda chocada com as recentes revelações do julgamento de Dominique Pelicot, condenado por recrutar dezenas de desconhecidos na internet para que violassem a mulher, quanto estaca sedada, durante mais de uma década.