Num ano marcado por dois momentos eleitorais fulcrais, Macron assegura maioria de lugares no Parlamento depois de reconquistar presidência.
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Ainda a ganhar fôlego para o segundo mandato como presidente de França, Emmanuel Macron conseguiu assegurar a maioria dos lugares na Assembleia, mas sem maioria absoluta, o que representa um revés, depois de uma conquista difícil pelo Eliseu. O caminho da vitória tem sido tumultuoso e evidencia a falta de confiança dos eleitores, antecipando os desafios para os próximos cinco anos.
Se em 2017, ano em que se candidatou pela primeira vez à presidência, conquistou 66,10% dos votos na segunda volta, Macron viveu este ano uma queda eleitoral, arrecadando apenas 58,55% dos votos dos gauleses. Apesar de ter feito História ao ser o primeiro presidente a conseguir alcançar a reeleição depois de Jacques Chirac, em 2002, o líder francês, conhecido por ser um europeísta convicto, deverá aproveitar os anos que se seguem para consolidar questões que amornaram o ciclo político, dividido entre presidenciais e legislativas, que termina agora.
Na segunda maior economia da Europa, as questões sociais e económicas ganharam ainda mais relevo devido ao surgimento da pandemia, o que não veio favorecer o mais jovem presidente francês de sempre. A polémica com a possível obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19, a tensão que a revolta dos "coletes amarelos" fizeram sentir e o facto de querer aumentar a idade da reforma para os 65 anos, criaram um cenário pouco favorável a Macron, abrindo espaço para a ascensão da extrema-direita.
No plano externo, a guerra na Ucrânia aumentou a pressão sob Macron, que se assumiu como a principal ponte de ligação entre o Ocidente e Vladimir Putin. No entanto, a relação próxima com o presidente russo alimentou críticas de todo o Mundo, sobretudo após o chefe do Eliseu ter apelado para que não se "contrariasse" o líder do Kremlin.
Ainda assim, os franceses deram mais duas oportunidades a Macron para conduzir o país e completar o programa interrompido pela pandemia, porém, este plano, que passa pela promessa de ressurgimento da energia nuclear e uma reforma social ambiciosa, pode ser condicionado pela Esquerda francesa.