"A Europa, que tem um tão grande património moral a defender, diminuída na ordem dos valores políticos, lutando contra a maior e mais perigosa epidemia mental de todos os tempos, que ameaça envenenar a flor da nossa cultura, procura ansiosamente uma fórmula de paz." As palavras, implicitamente relativas ao "perigo do comunismo" então obsessivo para o regime salazarista, são de Caeiro da Mata. A 4 de abril de 1949, sendo ministro dos Negócios Estrangeiros, assinava em Washington, o Tratado do Atlântico Norte, que criou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
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"O Pacto do Atlântico foi assinado em Washington pelos representantes de 12 países e é válido por 10 anos", destacou o JN, na primeira página do dia seguinte, transcrevendo partes dos discursos dos chefes da diplomacia dos signatários: Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos da América, França, Islândia, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Portugal e Reino Unido.
Sem mencionar a União Soviética, ou especificarem as ameaçadas (o Pacto de Varsóvia, do chamado Bloco de Leste, foi criado apenas em 1955), a generalidade dos países sinalizou o que representava para os potenciais agressores. "Para os que enveredarem pelo caminho da agressão, isto constitui um aviso de que os delitos que praticarem sobre os seus autores cairá a infelicidade", disse o secretário de Estado norteamericano, Dean Acheson. "Queremos de antemão desanimar qualquer agressão tornando-a mais perigosa para o agressor", juntou o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Robert Schuman.
Talvez num excesso de entusiasmo, o ministro britânico, Ernest Bevin, referiu-se a "um grupo de Nações de ideias iguais que nunca combateram umas contra as outras". Ora, a Itália, país signatário, integrou o Eixo com a Alemanha Nazi e o Japão e entrou efetivamente na II Guerra Mundial, ao lado na Alemanha, entre 10 de junho de 1940 e 8 de setembro de 1943, quando se rendeu aos Aliados.
Hoje, a NATO soma 74 anos e 30 membros, fruto de oito alargamentos - em 1952, à Grécia e à Turquia; em 1955, à Alemanha; e, em 1982, a Espanha. Após a derrocada do bloco socialista, foram absorvidos pela Aliança Atlântica (outra denominação da NATO) 12 países que o integravam: Polónia, Hungria e República Checa (1999); Estónia, Letónia, Lituânia, Eslováquia, Eslovénia, Roménia e Bulgária (2004); Croácia e Albânia (2009); Montenegro (2017); e República da Macedónia do Norte (2020).