O Estreito de Taiwan, que separa a ilha de mesmo nome da China continental, é um ponto de tensão geopolítica importante desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949, e já foi cenário de três graves crises militares.
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Com uma largura de apenas 130 km no seu ponto mais estreito, o local é um importante canal de navegação internacional e uma barreira natural que separa a pequena ilha do grande vizinho continental.
Primeira crise
No final da guerra civil chinesa, em 1949, as forças comunistas de Mao Tsé-Tung conseguiram afastar os nacionalistas de Chiang Kai-shek, que se instalaram em Taiwan.
A primeira crise do Estreito de Taiwan aconteceu em agosto de 1954, quando os nacionalistas da República da China - nome oficial de Taiwan - mobilizaram milhares de soldados em Kinmen e Matsu, duas pequenas ilhas que ficam a poucos quilómetros do continente.
A China comunista respondeu com bombardeamentos de artilharia contra o arquipélago e tomou as ilhas Yijiangshan, que ficam a 400 km ao norte de Taipé. A crise quase provocou um conflito direto entre China e Estados Unidos.
Segunda crise
Um segundo confronto surgiu em 1958, quando as forças de Mao bombardearam Kinmen e Matsu com o objetivo de expulsar mais uma vez as tropas nacionalistas.
Temendo que a perda das ilhas resultasse na derrota dos nacionalistas e na tomada de Taiwan por Pequim, o presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower, ordenou que os militares americanos escoltassem e reabastecessem os aliados de Taiwan.
O governo dos Estados Unidos chegou a considerar o uso de armas nucleares contra a China. Sem conseguir tomar as ilhas próximas da sua costa nem derrotar os nacionalistas, Pequim anunciou um cessar-fogo e, depois, um status quo de tensão foi estabelecido - mas as tropas de Mao continuaram a bombardear Kinmen de forma intermitente até 1979.
Terceira crise
A terceira crise aconteceu 37 anos depois, num período em que China e Taiwan mudaram radicalmente. Depois da morte de Mao, em 1976, a China permaneceu sob o controle do Partido Comunista, mas iniciou um período de reforma e abertura ao mundo.
Taiwan, ao mesmo tempo, saiu paulatinamente da ditadura de Chiang Kai-shek e começou a evoluir para uma democracia, o que resultou no desenvolvimento de uma forte identidade, diferente da chinesa.
A tensão escalou novamente em 1995, quando Pequim começou a testar mísseis nas águas próximas a Taiwan para protestar contra a visita do líder Lee Teng-hui aos Estados Unidos. Lee defendia uma declaração formal de Taiwan como um Estado independente.
A China executou novos testes com mísseis um ano depois, enquanto Taiwan organizou as primeiras eleições presidenciais por sufrágio universal direto.
Mas os testes voltaram-se contra Pequim: o governo dos Estados Unidos enviou dois grupos de porta-aviões para forçar o recuo da China e Lee Teng-hui conquistou uma grande vitória eleitoral.
No ano seguinte, Newt Gingrich tornou-se o primeiro presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos a visitar Taiwan, um precedente que Nancy Pelosi repetiu em 2022, 25 anos depois.