Rami Adham é um nome conhecido entre as crianças que vivem em Alepo. Com dupla nacionalidade, finlandesa e síria, percorre vários quilómetros, arriscando a vida, para lhes levar brinquedos.
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Rami criou uma associação que faz a ligação entre a Finlândia e a Síria. Através de donativos, levam medicamentos e alimentos a algumas cidades afetadas pela guerra civil na Síria, marcada pelo conflito entre os rebeldes e as forças que apoiam o governo de Bashar al-Assad.
Antes da sua primeira viagem à Síria, onde esta instituição quer construir escolas e outras infraestruturas de apoio à população, a sua filha Yasmeen desafiou-o a levar brinquedos para as crianças.
A viagem de Rami e dos brinquedos começa num voo com origem em Helsínquia com destino à Turquia. Para as meninas leva Barbies e para os rapazes bolas de futebol e carrinhos.
Depois de aterrar em solo turco, tem que carregar 70 quilos de brinquedos, durante 16 horas, até conseguir entrar na Síria. As fronteiras oficiais do país estão encerradas e o caminho tem que ser feito por uma zona montanhosa.
"O sorriso que eles te devolvem, a gratidão...tu ajudas a que se esqueçam que perderam as suas casas, escolas e os brinquedos", diz Rami, citado pela BBC.
Entre as várias crianças, na maioria órfãos, que conheceu ao longo das 28 viagens que fez, há uma da qual se recorda em particular. Uma menina que ficou sem voz depois do depois de ver o pai assassinado e queimado à sua frente, pelos soldados que apoiam o governo.
"Ela gritou tanto que perdeu a voz", diz o ativista. "Lá não há escolas, nada para fazerem e têm que passar grande parte do tempo escondidos", conta.
Rami regressou recentemente de uma viagem de 12 dias à Síria. Levou brinquedos e outros bens a várias áreas, incluindo um campo de refugiados, que abriga pessoas que tiveram que abandonar a cidade de Darayya, depois de quatro anos sob cerco do governo.
Nesta viagem, não foi capaz de encontrar um percurso seguro para o leste da cidade de Alepo, onde cresceu, e que assume um papel central nas suas visitas ao país.
"As palavras não conseguem descrever como é difícil ver a tua cidade, mesmo à frente, depois de viajar todos esses quilómetros. Sinto que abandonei o meu povo em Alepo e que nada fiz", explica Rami.
Depois do cessar-fogo, que durou uma semana, terminar, Rami regressou à Finlândia. O "quartel-general", onde se encontra com as crianças, que ajudou a construir na cidade de Alepo, foi praticamente destruído.
https://www.facebook.com/SSYFinland/videos/10210591981499278/
Numa publicação no Facebook, diz que o ataque feito pela aviação russa provocou 14 mortos. Entre as vitimais mortais estão dois amigos de Rami.