
O vice-presidente norte-americano, Joe Biden, está a liderar o processo de preparação da nova legisação
Chip Somodevilla/Getty Images/AFP
O Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, está decidido a usar os seus poderes executivos para atuar contra a violência causada por armas de fogo, advertiu esta quarta-feira o seu vice-Presidente, Joe Biden.
No começo do processo de auscultação com vítimas, vendedores de armas e todo o tipo de grupos relacionados com aquele foco de violência, Biden deixou claro perante os meios de comunicação social que "o Presidente atuará", se for preciso, através de decretos executivos, um poder discricionário com força de lei que não passa pelo Congresso, apesar de estar a obrigado a ter como base atos legislativos anteriores.
Cada ano nos EUA cerca de 100 mil pessoas são feridas com balas em tiroteios, acidentes ou tentativas de suicídio e quase 30 mil morrem por incidentes relacionados com armas de fogo.
Imediatamente depois do massacre de 14 de dezembro numa escola de Newtown (Connecticut), em que morreram 28 pessoas, incluindo 20 crianças e a mãe do atirador, Obama encarregou Joe Biden de pôr em marcha um grupo de trabalho que deverá apresentar propostas contra a violência causada pelas armas antes de 31 de janeiro.
Em estudo estão não só restrições à venda de certo tipo de armamento, mas também de medidas para melhorar a saúde mental da população, para reforçar a segurança dos estabelecimentos de educação e, genericamente, atacar a chamada "cultura da violência".
"Estamos aqui hoje para encarar um problema que requer ação", sublinhou o vice-Presidente norte-americano na abertura de uma das primeiras reuniões com associações que advogam por um controlo mais restritivo das armas de fogo e com várias vítimas da violência.
"Há ações que o poder executivo pode empreender por via de decretos, mas ainda não decidimos quais são, estamos a estudar", afirmou Biden.
"Também vai ser preciso ação legislativa", acrescentou o vice-Presidente.
Entre os participantes que estiveram hoje na reunião "há um largo consenso sobre três ou quatro coisas que devem fazer-se na área da segurança com armas", declarou Biden, sem detalhar.
Na quinta-feira, as reuniões incluirão a Nacional Rifle Association, que com uns quatro milhões de membros é a defensora mais enérgica do direito à posse e porte de armas de fogo, de acordo com uma interpretação literal da Segunda Emenda da Constituição, que estabelece o direito de qualquer norte-americano ter armas.
Também estão previstas reuniões com representantes da indústria cinematográfica e das estações de televisão e com os produtores de videojogos para discutir a suposta influência dos seus programas e e jogos na propagação da violência entre os jovens.
A empresa Walmart, que não é só a maior cadeia de lojas do mundo mas também a maior vendedora de armas nos EUA, confirmou hoje que também solicitou participar nas reuniões convocadas por Obama.
Depois do massacre de dezembro passado na escola primária Sandy Hook, de Newtown, Walmart retirou do seu catálogo de venda pela internet a arma semiautomática "Bushmaster", a versão civil da arma militar AR-15.
O atacante em Newtown, Adam Lanza, empregou uma "Bushmaster" no seu assalto à escola, uma arma que continua à venda nas lojas da Walmart.
