Kiev conta 65 soldados russos mortos. Zelensky demite amigo de infância que chefiava serviços de segurança. Histórias de espiões e de alta traição.
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O exército russo voltou a bombardear Odessa e grande parte da região de Dnipropetrovsk durante a madrugada de ontem. Kiev acusou os danos em infraestruturas - três casas, dois edifícios públicos, incendiados, propriedades particulares, carros, uma escola e um centro cultural - e contou seis feridos. As Forças Armadas Ucranianas deram o troco e relatam que mataram 65 soldados russos e que destruíram um sistema de comunicação Redut-2US e 11 blindados.
Enquanto prosseguem os combates, designadamente no Donbass e no flanco leste da Ucrânia, o parlamento ucraniano aprovou as demissões do chefe dos serviços de segurança (SBU) e da procuradora-geral, propostas pelo próprio presidente Volodymyr Zelensky. "O parlamento votou para demitir Iryna Venediktova do cargo de procuradora-geral", escreveu o deputado David Arakhamia na rede social Telegram, enquanto outros parlamentares anunciaram a demissão do chefe da SBU, Ivan Bakanov, que até é amigo de infância de Zelensky, o que não impediu que o chefe de Estado o tenha acusado de não ter desenvolvido "esforços suficientes na luta contra espiões russos e colaboradores de Moscovo".
Zelensky anunciou uma "remodelação de chefias", depois de pelo menos três altos funcionários da SBU terem sido considerados suspeitos de alta traição. "Todos esperávamos resultados mais tangíveis na limpeza de colaboradores e traidores", explicou o vice-chefe da administração presidencial, Andrii Smyrnov.
Dilema russo
Precisamente, a propósito de espiões, de colaboradores e de "inteligentsia" de guerra, o Ministério da Defesa britânica considera que as operações russas na Ucrânia vão baixar o ritmo se Moscovo não fizer uma pausa operacional significativa para reorganizar e reequipar as tropas no terreno.
Segundo o balanço diário do ministério da Defesa britânica, o objetivo político imediato e declarado da Rússia é dimensionar toda província de Donetsk. Sublinha que "embora a Rússia ainda possa obter mais ganhos territoriais, o seu ritmo operacional e taxa de avanço tornar-se-ão provavelmente muito lentos sem uma pausa operacional significativa para reorganização e reequipamento".
"A Rússia - prossegue o mesmo relatório - tem lutado para manter um poder de combate ofensivo eficaz desde o início da invasão e isso está a tornar-se um problema cada vez mais agudo".
"Além de lidar com falta de pessoal, os decisores russos enfrentam um dilema entre enviar reservas para a região do Donbass ou defender-se dos contra-ataques ucranianos no setor sudoeste de Kherson", adianta o Governo britânico.
Na semana passada, e justamente por causa desta reorganização da ofensiva militar na Ucrânia, Moscovo anunciou que ia fazer a uma "pausa operacional", para reforço de meios e para que as tropas pudessem restabelecer as capacidades de combate, mas o Kremlin foi muito pronto a recuar, como informa o Instituto para o Estudo da Guerra dos Estados Unidos.