
Grossi é licenciado em Ciências Políticas, tem um mestrado em Relações Internacionais e um doutoramento em História e Política Internacional
Ramil Sitdikov/AFP
O Governo argentino nomeou quarta-feira oficialmente Rafael Grossi, atual diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), para suceder a António Guterres no cargo de secretário-geral da ONU no biénio 2027-2031.
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"É uma honra e um privilégio apresentar hoje a candidatura de Rafael Grossi ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas", anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros argentino, Pablo Quirno, numa mensagem publicada na rede social X, onde elogiou a carreira do responsável da AIEA.
Quirno salientou que Grossi "tem uma carreira distinta de mais de quatro décadas como funcionário do corpo diplomático argentino e, mais recentemente, à frente da AIEA, cuja liderança foi reconhecida quando foi eleito para um segundo mandato em 2023".
"O seu profundo conhecimento do sistema multilateral, a sua capacidade de promover o diálogo diplomático, o seu desempenho comprovado em situações de conflito e crises internacionais graves como interlocutor imparcial e eficaz, a sua perícia técnica e linguística e o seu compromisso com a Carta das Nações Unidas fazem dele um candidato excecional", enfatizou o ministro argentino.
Grossi é licenciado em Ciências Políticas, tem um mestrado em Relações Internacionais e um doutoramento em História e Política Internacional.
Antes de se tornar Diretor-Geral da AIEA, desempenhou as funções de diretor-geral adjunto da agência de 2010 a 2013, durante o mandato de Yukiya Amano, do Japão.
Foi também embaixador da Argentina na Áustria durante seis anos (2013-2019), durante as presidências de Cristina Fernández de Kirchner e Mauricio Macri.
O processo de seleção do próximo secretário-geral das Nações Unidas (ONU) foi oficialmente lançado na terça-feira, com o envio aos Estados-membros de um apelo para apresentação de candidaturas ao cargo de substituto de António Guterres.
Numa carta conjunta enviada aos 193 Estados-membros da ONU, o embaixador de Serra Leoa, Michael Imran Kanu, atual presidente do Conselho de Segurança, e a presidente da Assembleia-Geral, Annalena Baerbock, "deram início" ao processo de seleção, "solicitando candidatos".
Embora alguns Estados-membros defendam claramente que uma mulher deverá ser finalmente escolhida para o cargo, essa ideia não é unânime.
Cada potencial candidato deve ser oficialmente indicado por um Estado ou grupo de Estados, apresentando a sua "visão" e fontes de financiamento.
Além de Grossi, vários candidatos já são conhecidos informalmente, incluindo a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, e a costa-riquenha Rebeca Grynspan, atualmente à frente da agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD).
Seguindo uma tradição de rotação geográfica nem sempre respeitada, a posição é desta vez reivindicada pela América Latina.
Mas, embora a carta mencione "a importância da diversidade geográfica", não refere nenhuma região específica.
A carta indica ainda que a Assembleia-Geral e o Conselho de Segurança poderão ouvir publicamente os candidatos, um procedimento de transparência iniciado durante a seleção de 2016 que levou ao primeiro mandato de António Guterres.
Contudo, são os membros do Conselho que iniciarão o processo de seleção "até ao final de julho" - e, em particular, os cinco membros permanentes com direito de veto (Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França) - que realmente têm o futuro dos candidatos nas suas mãos.
É apenas por recomendação do Conselho que a Assembleia pode eleger o secretário-geral para um mandato de cinco anos, renovável por mais um mandato.
António Guterres assumiu a liderança da ONU em janeiro de 2017, tendo sido reconduzido para um segundo mandato, que termina no final de 2026.
