Oitenta e oito países suspenderam total ou parcialmente os serviços postais com os Estados Unidos, causando uma quebra de mais de 80% no tráfego após as tarifas impostas pelos EUA, anunciou este sábado a agência postal da ONU.
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A União Postal Universal (UPU) está a trabalhar no "rápido desenvolvimento de uma nova solução técnica que permitirá retomar o envio de correio para os Estados Unidos", garantiu o seu diretor-geral, Masahiko Metoki, num comunicado.
De acordo com a UPU, os dados trocados entre os operadores postais através da rede eletrónica mostram que o tráfego para os Estados Unidos diminuiu 81% em 29 de agosto, em comparação com a sexta-feira anterior.
"Além disso, 88 operadores postais informaram a UPU que suspenderam total ou parcialmente os serviços postais para os EUA até que uma solução seja posta em prática", indicou a agência da ONU.
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Entre essas empresas estão a Deutsche Post alemã e a operadora postal britânica Royal Mail.
Com sede em Berna, capital da Suíça, a UPU foi fundada em 1874 e conta com 192 Estados-membros. O organismo estabelece as regras para o comércio postal internacional e faz recomendações para melhorar os serviços.
Por decreto de 30 de julho passado mas com efeitos a partir de 29 de agosto, o governo norte-americano decidiu eliminar a isenção de direitos aduaneiros que até então beneficiava pequenas encomendas postais (envios de mercadorias com valor igual ou inferior a 800 dólares, o equivalente a 686 euros).
Desde então, as encomendas estão sujeitas às mesmas taxas de tarifas aplicadas às outras importações provenientes dos países de origem. Por exemplo, 15% para os países da União Europeia (UE) ou 50% para a Índia.
Apenas as remessas entre particulares com valor inferior a 100 dólares (86 euros) continuam isentas de direitos.
Esta decisão levou os serviços postais de vários países a suspender os envios de encomendas para os Estados Unidos.
Além do curto prazo para pôr em prática a decisão, o problema reside, sobretudo, no facto de o decreto obrigar "as transportadoras e outras partes autorizadas a cobrar antecipadamente, junto dos expedidores, os direitos aduaneiros e a transferir os montantes consolidados para o Serviço Aduaneiro e de Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos», explicou a UPU, no final de agosto".
O presidente norte-americano, Donald Trump, justificou a decisão com a vontade de "acabar com uma falha catastrófica utilizada, entre outras coisas, para evitar direitos aduaneiros e enviar opiáceos sintéticos, bem como outros produtos perigosos".
Inicialmente, a medida norte-americana, tomada no início de 2025, visava apenas a China e Hong Kong, no âmbito da ofensiva da administração Trump contra os gigantes do comércio online Shein e Temu. Entretanto, acabou por se estender a todos os países, com o argumento de garantia de eficácia.