Oitenta pessoas transexuais foram assassinadas no Brasil, no primeiro semestre deste ano, divulgou esta quarta-feira a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
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Ao todo, a Antra registou a morte de 89 transexuais de janeiro a junho no país, dado que inclui nove suicídios.
Aconteceram ainda 33 tentativas de homicídio e 27 violações de direitos humanos.
No primeiro semestre do ano, a associação registou o assassínio de 78 travestis e mulheres transexuais e 2 transexuais masculinos.
A média de assassínios desta população no primeiro semestre no levantamento que engloba dados de 2017, 2018, 2019, 2020 e 2021, é de 84 casos, com cerca de 14 casos por mês.
"Em 2021 tivemos, até ao momento, uma média de 13,3 casos por mês, o que chama atenção pela proximidade com a média móvel e exige atenção durante o decorrer do ano", destacou a Antra.
A organização frisou, porém, que esta redução não significa que a situação em todos os meses seja de declínio constante.
"Em maio e junho observamos números de até 5 pontos acima da média, e com relação aos estados, seguimos a mesma lógica: São Paulo, Ceará e Bahia, Minas gerais e Rio de Janeiro e Paraná, são os estados com o maior número de casos, e temos observado com muita atenção uma onda de ataques transfóbicos em Pernambuco durante o mês de junho", informou o relatório.
Além disso, a Antra informou que denúncias sobre casos de violências contra pessoas transexuais têm-se intensificado no Brasil com uma maior veiculação de notícias nos mais diversos meios de comunicação social.
Outro dado relevante diz respeito a crimes cometidos contra vítimas cada vez mais jovens.
Entre pessoas onde foi possível identificar a idade em 2021, apenas 12 (cerca de 15%) conseguiram ultrapassar a estimativa média de vida dos transexuais no Brasil, que é de 35 anos. As demais estavam na faixa de 13 a 35 anos.
"Já nos primeiros dias do ano, deparámo-nos com o assassínio brutal de uma adolescente transexual de 13 anos, no interior do Ceará -- tornando-se a mais jovem vítima do 'transfeminicídio' do país. E chama a atenção que o seu algoz também era um menor de idade. E ao longo do semestre vimos repetir em forma e intensidade, a crueldade com que esses casos têm acontecido", destacou o relatório da Antra.
A organização informou ainda que a maioria das vítimas expressava publicamente o género feminino, sendo travestis e mulheres transexuais, e da raça negra.