Pelo menos oito pessoas morreram na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, incluindo dois bebés com poucos meses, devido à fome no território palestiniano, anunciou o governo local.
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"Isto eleva o total de vítimas [da fome] para 281, incluindo 114 crianças", desde o início da ofensiva militar israelita em outubro de 2023, disse o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
A ONU declarou a fome na província de Gaza na sexta-feira, a primeira vez no Médio Oriente, e alertou que a situação deverá alargar-se às províncias de Deir el-Balah (centro) e Khan Younis (sul) até ao final de setembro.
A situação de fome em Gaza e nas cidades vizinhas afeta mais de meio milhão de pessoas, segundo a ONU.
O secretário-geral adjunto das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, afirmou na sexta-feira que se trata de uma fome "previsível e evitável" causada pelo homem.
Uma das crianças referidas no comunicado do Ministério da Saúde era uma menina 5 meses que morreu na sexta-feira no Hospital Naser de Khan Younis, após sofrer de "desnutrição grave", disse um médico daquela unidade à EFE.
Embora a criança sofresse de atrofia e paralisia cerebral desde o nascimento, não sobreviveu à escassez de alimentos e suplementos nutricionais, segundo a mesma fonte.
"Ela morreu por falta de leite", declarou o pai da menina, Ashraf Brika, à agência palestina Wafa, depois de explicar que tentou, sem sucesso, conseguir leite em pó altamente nutritivo na devastada Faixa de Gaza.
Segundo a família da menina, a mãe, Sahar Salim Brika, 31 anos, também sofre de desnutrição e não conseguia alimentar a filha.
"Centenas de mortes poderiam ter sido evitadas"
Num outro comunicado, o Ministério da Saúde de Gaza apelou hoje à comunidade internacional para agir e ir além de meras declarações.
"Salientamos que a instigação da fome é apenas um elemento dos capítulos do genocídio, que também inclui a destruição sistemática do setor da saúde e de outros setores, os massacres em massa e a política de erradicação geracional", afirmou.
"Centenas de mortes poderiam ter sido evitadas e as vidas de milhares estão em risco", acrescentou.
Israel negou a existência de fome na Faixa de Gaza e acusou a ONU de veicular uma narrativa falsa do Hamas, o grupo extremista que governa o enclave palestiniano desde 2007.
Israel tem em curso uma ofensiva militar na Faixa de Gaza desde que sofreu um ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1200 mortos e 250 reféns.
A ofensiva israelita provocou mais de 62.260 mortos em Gaza, a maioria civis, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde de Gaza, considerados fiáveis pela ONU.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas como uma organização terrorista.