Oleksandr foi torturado pelos russos com choques elétricos. "Saltava até ao teto"
Veterano das guerras do Afeganistão e do Donbass, foi preso duas vezes pelos invasores russos. As sequelas físicas e neurológicas são permanentes.
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Durante cinco dias, a vida de Oleksandr Glushko só conheceu a noite. Transformou-se “num vegetal”. “Levaram-me para uma cave, estive sempre com um saco na cabeça e as mãos atadas atrás das costas”. Diz ter sido torturado durante o tempo que passou na cave de um prédio no perímetro do Hospital Central de Izium. “Batiam-me com um capacete na cabeça e no corpo. Partiram-me vários dedos, duas costelas. Fizeram-me a andorinha [método de tortura em que, depois de as mãos da vítima serem presas atrás das costas, o corpo é levantado no ar pelos pulsos, até que os pés deixem de tocar no chão].”
Durante as quase duas horas que passamos juntos, o homem não pára de fumar. Mas não é o reviver as torturas que o deixa nervoso: “Nunca falei com jornalistas. Só com as autoridades. Fui ouvido pela procuradoria que investiga os crimes de guerra russos”. Agora, quase um ano depois de ter sido libertado, o processo de Oleksandr continua sem acusados. O “Professor” é um homem habituado a responder a perguntas.