A organização italiana de resgate Mediterranea Saving Humans acusou, esta sexta-feira, a guarda costeira líbia de disparar sobre o seu navio Mare Jonio quando este se preparava para resgatar um barco com migrantes em perigo.
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O fundador da Mediterranea, Luca Cassarini, afirmou que os militares líbios tentaram impedir o resgate em águas internacionais, a 90 milhas (cerca de 170 quilómetros) da Líbia, disparando tiros primeiro para o ar e depois contra os barcos que resgatavam os migrantes.
Segundo a organização, o Mare Jonio dirige-se agora para o porto siciliano de Pozzallo, com 58 pessoas a bordo. "Foi uma operação muito complicada porque os nossos trabalhadores humanitários encontraram muitas pessoas na água, além dos migrantes que saltaram do barco patrulha e que os líbios tentaram recapturar, mas nós fomos mais rápidos", disse Cassarini.
O ataque ao Mare Jonio aconteceu na quinta-feira, poucas horas depois de zarpar do porto de Siracusa em direção ao Mediterrâneo central para a sua 16ª. missão de vigilância e salvamento no mar.
"As milícias líbias, pagas com milhões e dotadas de veículos navais e terrestres, têm a tarefa de capturar e deportar aqueles que tentam fugir dos campos de concentração: desde o início do ano, 3.791 mulheres, homens e crianças foram capturados neste caminho e levados rumo à Líbia", denunciou a organização não-governamental (ONG) italiana.
Casarini sublinhou que os migrantes a bordo "estão aterrorizados" com o que viveram e que muitos deles estão feridos devido a golpes recebidos "da chamada guarda costeira líbia, que nada mais é do que soldados contratados para deportar estas pessoas".
"Apesar das violações óbvias dos direitos humanos e do direito internacional, a União Europeia e os seus Estados-membros, com a Itália no comando, não intervêm em caso de alarme e esperam que a chamada guarda costeira líbia faça o seu trabalho policial sujo", acusou o chefe da missão do Mare Jonio, Denny Castiglione.
"Mulheres, homens e crianças, dezenas de milhares de pessoas sofrem, todos os anos, a violência deste sistema: a Líbia não só não é um lugar seguro, mas é o inferno do qual as pessoas tentam escapar", acrescentou.