Organizações de direitos humanos consideraram, este sábado, que a absolvição de seis dirigentes da polícia no julgamento em que Mubarak foi condenado pela morte de 850 manifestantes continua a encorajar uma cultura de impunidade da polícia.
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Hosni Mubarak, que durante 30 anos governou o Egito em ditadura, e o seu ministro do Interior Habib al-Adly foram condenados, este sábado, a prisão perpétua por envolvimento nas mortes de centenas de manifestantes nos protestos do ano passado, mas seis antigos comandantes da polícia foram absolvidos.
Para a Amnistia Internacional, a sentença de Mubarak "é um significativo passo em frente na luta contra uma impunidade de longa data no Egito", mas a absolvição dos chefes da segurança "deixa muita gente à espera de uma justiça total".
"Muitos veem a absolvição de todos os grandes dirigentes da segurança como um sinal de que os responsáveis pelas violações dos direitos humanos ainda conseguem escapar à justiça", disse a organização em comunicado.
A investigadora da Human Rights Watch no Cairo, Heba Morayef, concorda: "O veredito não faz justiça, não impede a polícia de abusos futuros e surge num contexto de absolvições em julgamentos de polícias".
"O veredito de hoje vai continuar a proteger a impunidade do Ministério do Interior em casos de violência contra manifestantes", disse.
Na sentença deste sábado, o tribunal deixou cair a acusação sobre os dois filhos do antigo ditador, Alaa e Gamal Mubarak, que eram acusados de corrupção. Segundo o juiz, os crimes de que eram acusados os filhos de Mubarak já prescreveram.