A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch denunciou esta quinta-feira detenções e sequestros de opositores antes das eleições em Angola, previstas para 31 de agosto.
Num comunicado divulgado sta quinta-feira em Joanesburgo, na África do Sul, a organização apelou às autoridades angolanas para que libertem os detidos e garantam o seu acesso imediato à assistência legal.
"As autoridades devem urgentemente investigar os alegados raptos de vários organizadores de protestos (contra o governo de Angola)", pede-se na nota.
Os protestos, protagonizados principalmente por organizações de jovens e de veteranos de guerra, contra o executivo angolano aumentaram desde 2011, refere a HRW, e foram contidos violentamente pela polícia, com prisão de opositores, líderes de protestos e jornalistas.
"Os recentes abusos contra os manifestantes são uma mostra alarmante de que o executivo angolano não está disposto a tolerar a dissidência", afirmou, no comunicado, Leslie Lefkow, vice-diretor para a África da HRW.
Segundo a organização, sediada em Nova Iorque, pelo menos 50 veteranos de guerra foram detidos numa manifestação no passado dia 20 de junho e cerca de trinta permanecem na prisão.
A organização de defesa dos direitos humanos denunciou igualmente supostos sequestros, por parte das forças de segurança de Angola, de opositores e líderes das manifestações, que foram detidos dias antes dos protestos e mantidos em prisão durante dias para evitar a sua participação nas reivindicações.
Além disso, acrescentou, dois membros do partido de oposição Movimento Patriótico Unido (MPU) permanecem em paradeiro desconhecido depois de serem presos por supostos polícias sob disfarce.
Desde a independência em 1975, a ex-colónia portuguesa - que recupera de 27 anos de guerra civil - realizou duas eleições, em 1992 e 2008, estas últimas vencidas pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), com 81% dos votos, segundo os resultados oficiais.
No dia 31 de agosto, realizam-se eleições gerais em Angola, que definirão o parlamento, de onde sairá o futuro presidente da República.
O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, líder do MPLA, cumprirá no próximo mês de setembro 33 anos à frente do país, e é recandidato ao cargo.
