Alegados abusos e violações durante confrontos na província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo (RDCongo), entre o grupo M23, apoiado pelo Ruanda, e as tropas congolesas serão investigados, anunciaram as Nações Unidas.
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O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas decidiu esta sexta-feira, numa reunião de emergência convocada pela RDCongo, lançar uma investigação sobre o conflito que instiga o país no coração do continente africano. A ONU avisou ainda que os confrontos entre as tropas de Kinshasa e o grupo armado M23, apoiado pelo Ruanda, podem extrapolar para a sub-região.
A resolução adotada em Genebra urge que os combatentes do Movimento 23 de Março (M23) deixem as áreas ocupadas. Atendendo ao pedido da RDCongo, as Nações Unidas vão investigar alegadas violações e abusos cometidos durante o conflito.
“O risco de escalada da violência em toda a sub-região nunca foi tão elevado”, alertou o alto-comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk. No mesmo dia, um oficial do Burundi informou à agência France-Presse que o país, que já enviou cerca de 10 mil militares à RDCongo, destacou, na quinta-feira, um novo batalhão para ajudar Kinshasa.
Türk frisou também o sofrimento da população local e o impacto global do conflito. “A população no Leste da RDCongo está a sofrer terrivelmente, enquanto muitos dos produtos que consumimos ou usamos, como os telemóveis, são criados com recurso a minerais do Leste do país. Estamos todos implicados”, acrescentou.
Quase Três mil mortos
Quase três mil pessoas já morreram e 2880 ficaram feridas desde que o M23 entrou em Goma, a capital da província de Kivu do Norte, a 26 de janeiro. Entre os óbitos, há três funcionários da organização não-governamental humanitária Entraide Protestante Suisse, mortos em Rutshuru. O alto-comissário disse que a sua equipa está “atualmente a verificar diversas alegações de violação, violação coletiva e escravidão sexual”.
O ministro das Comunicações congolês, Patrick Muyaya, considerou a aprovação da resolução um sinal de solidariedade com as pessoas que “agora vivem sob ocupação ruandesa”. Já o embaixador do Ruanda na Suíça, James Ngango, acusou Kinshasa de preparar um “ataque iminente em larga escala” contra o seu país.