Comissário-geral da agência das Nações Unidas alega que o Governo israelita tem tentado travar financiamento de doadores.
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O comissário-geral da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, diz estar em curso, por parte do Governo israelita, uma campanha para encerrar a agência fulcral no apoio humanitário às populações em Gaza, alertando que tal teria “consequências devastadoras”.
As declarações de Lazzarini surgiram dois dias depois dos ataques aéreos das Forças de Defesa de Israel (FDI) à Escola al-Jaouni, em Nuseirat, no centro de Gaza, que acolhe cerca de 12 mil palestinianos deslocados, que mataram 18 pessoas, incluindo seis funcionários da UNRWA – o maior número de mortos entre os funcionários da agência da ONU num só incidente desde o deflagrar da guerra.
O comissário-geral alega que o Executivo liderado por Benjamin Netanyahu tudo tem feito para erradicar a UNRWA, não tendo conseguido persuadir os doadores ocidentais a estancar o financimento que permite manter as operações da agência no enclave, onde já foram assassinados 220 dos seus funcionários desde outubro de 2023.
“Esta tentativa deliberada de eliminar a UNRWA e impedi-la de operar teria consequências devastadoras para o sistema multilateral, para a ONU e para a causa de uma transição palestiniana para a autodeterminação”, defendeu Lazzarini.
Nomes não confirmados
No ataque de quarta-feira à escola em Nuseirat, as FDI disseram ter matado nove membros do Hamas, alegando que três deles eram funcionários da UNRWA. Lazzarini revelou que as FDI não tinham informado a agência de que os três funcionários eram alegados membros do Hamas. “Nenhum destes nomes alguma vez esteve em qualquer lista das FDI que nos foi notificada, por isso não tenho absolutamente nenhuma forma de a autenticar ou não”, salientou. “Estas pessoas estavam a trabalhar no abrigo. Não havia indicação de que fossem operacionais militares”, acrescentou.