O conflito na Ucrânia provocou "pelo menos 3245 mortos", um número superior ao inicialmente estabelecido, refere o mais recente balanço da ONU divulgado em Genebra perante o conselho dos direitos humanos.
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De acordo com Ivan Simonovic, adjunto do secretário-geral e responsável pelos direitos humanos, o balanço em 21 de setembro eleva-se "a 3543 mortos, se incluirmos as 298 vítimas da queda do avião da Malaysian Airlines".
O responsável da ONU admitiu ainda que este balanço "poderá ser significativamente mais elevado, porque apenas se baseia nas fontes disponíveis".
Simonovic, um antigo ministro da Justiça croata e designado para este cargo na ONU em 2010, efetuou deslocações regulares à Ucrânia desde o início da crise no país, motivada pela "revolta de Kiev", com o afastamento do antigo presidente Viktor Ianukovich e o início do conflito no leste do país.
Entre meados de abril e meados de julho, o período abrangido pelo primeiro dos quatro relatórios dos observadores da ONU, 11 pessoas foram mortas em média diariamente.
De meados de julho a meados de agosto, os números quase triplicaram para 36 vítimas por dia, e de seguida aumentaram para 42 até à assinatura do cessar-fogo, em 5 de setembro.
A partir desse período, e com o fim oficial das hostilidades, a média de mortos desceu para menos de 10 por dia, precisou Simonovic. Na sua perspetiva, o cessar-fogo e o acordo político assinado no mesmo dia "representam até ao momento a oportunidade mais significativa para garantir uma solução política para a situação no leste" da Ucrânia.
"Apesar de não estar a ser totalmente respeitado, os seus efeitos positivos já se fizeram sentir", disse.
"Ainda existe a esperança em alcançar uma solução pacífica para o conflito", acrescentou.
Nos termos do acordo assinado em Minsk entre Kiev, os rebeldes russófonos e a Rússia - que reforça as primeiras medidas de cessar-fogo acordadas em 5 de setembro - deve ser estabelecida uma zona tampão de 30 quilómetros ao longo da linha da frente, imóvel desde 19 de setembro, e garantida a retirada as armas pesadas.
A ONU tinha avaliado em 3000 o número de mortos desde abril nas regiões orientais ucranianas de Donetsk e Lugansk, onde antes do conflito viviam mais de oito milhões de pessoas.
O comando militar ucraniano reconheceu a existência de quase mil mortos nas suas fileiras, com 20 baixas desde a declaração inicial de cessar-fogo.