Israel não vai cumprir a resolução aprovada esta sexta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU, que exige o fim imediato da colonização em territórios palestinianos, anunciou o primeiro-ministro israelita.
Corpo do artigo
"Israel rejeita a vergonhosa resolução da ONU anti-Israel e não está de acordo", informa, em comunicado, o gabinete de Benjamin Netanyahu.
Resolução aprovada com a abstenção dos Estados Unidos e o apoio dos outros 14 Estados-membros
O primeiro-ministro salienta que, como o "Conselho de Segurança não faz nada para parar o massacre de meio milhão de pessoas na Síria, conspira contra a única verdadeira democracia do Médio Oriente, Israel, e qualifica o Muro das Lamentações [lugar mais sagrado do judaísmo] como um 'território ocupado", disse.
A resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU exige que Israel "pare imediatamente e completamente toda a atividade dos colonatos em territórios palestinianos.
5569884
No comunicado, Benjamin Netanyahu acusa também o presidente cessante dos Estados Unidos Barack Obama de se ter associado à "liga anti Israel" na ONU. Israel "espera trabalhar com o presidente eleito Donald Trump e todos os nossos amigos no Congresso, os republicanos e democratas, para neutralizar os efeitos negativos da presente e absurda resolução", acrescenta o comunicado.
Numa primeira reação, também Danny Danon, embaixador de Israel junto da ONU, criticou os Estados Unidos por terem permitido ao Conselho de Segurança da ONU aprovar a resolução. "Esperávamos que o maior aliado de Israel atuasse de acordo com os valores que partilhamos e que tivesse vetado aquela vergonhosa resolução", disse Danny Danon.
As coisas serão diferentes depois de 20 de janeiro
Donald Trump também reagiu, garantindo que "as coisas serão diferentes na ONU", depois de sua chegada à Casa Branca. "Em relação à ONU, as coisas serão diferentes depois de 20 de janeiro",afirmou o presidente eleito dos Estados Unidos no Twitter.
Com a abstenção dos Estados Unidos e o apoio dos outros 14 Estados-membros, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução a condenar a política israelita de colonatos e exigiu o seu fim "imediato" e "completo".
A resolução é "uma grande bofetada" para a Israel, disse o porta-voz da Presidência palestiniana, Nabil Abu Rudeina. "É uma condenação unânime da colonização e um forte apoio a uma solução de dois estados", acrescentou.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, considerou a resolução "um passo significativo".
O que está em causa
Os colonatos são aldeias, vilas e em alguns casos cidades construídos em territórios conquistados por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Israel começou a construir uma rede de colonatos em toda a Cisjordânia ocupada na década de 1970, e continuou a aumentá-los depois dos Acordos de Oslo, de 1995, que dividiu o território em áreas israelitas e palestinianas, para lançar as bases para a criação de um futuro Estado palestiniano.
Cerca de 430 mil colonos israelitas vivem na Cisjordânia ocupada, ao lado de 2,6 milhões de palestinianos.
Mais de 200 mil israelitas vivem em Jerusalém Oriental anexada, juntamente com cerca de 300 mil palestinianos, que a querem tornar capital do Estado da Palestina.
As Nações Unidas e a maior parte da comunidade internacional consideram os colonatos israelitas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental ilegais.
Os palestinianos consideram os colonatos israelitas são um crime de guerra e um grande obstáculo para a paz. Defendem também que os israelitas se devem retirar de todas as terras que ocuparam durante a guerra de 1967 e desmantelar os colonatos, embora aceitem o princípio de pequenas trocas territoriais.
Israel, por seu lado, exclui o regresso às fronteiras de 1967, mas está disposto a retirar em algumas partes da Cisjordânia.