Guarda Costeira e Marinha italianas em ações de socorro a quatro pesqueiros sobrelotados e à deriva. Doze mil pessoas já atravessaram o Mediterrâneo.
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A Guarda Costeira e a Marinha italianas desencadearam, esta tarde, operações "complexas" de busca e salvamento de cerca de 1300 migrantes em três barcos de pesca sobrelotados e em perigo no Mediterrâneo Central, enquanto prosseguiam operações para salvar outra embarcação já com água a bordo a Sul da Sicília, detetada pela manhã com outras 500 pessoas.
De acordo com a agência noticiosa italiana ANSA, três barcos-patrulha operavam a cerca de 70 milhas náuticas (129,64 Km) a Sul de Crotone (na zona onde há quase duas semanas morreram 73 migrantes), dirigindo-se para um barco com meio milhar de pessoas a bordo. Um navio da Guarda Costeira e três outros patrulha prestavam socorro a outros dois barcos com 800 ocupantes a cerca de 100 milhas (185,26 Km) de Roccella Ionica. Pelo menos um avião apoiava as operações.
Imagens divulgadas pela autoridade costeira sugerem que as três embarcações superlotadas se dirigiam para a região Sul da Calábria. O quarto barco, detetado ainda de manhã a 130 milhas (240,7 Km) de Pozzallo por um avião da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex), saíra da região líbia de Cirenaica rumo à Sicília.
Situação aflitiva
Segundo a organização não governamental Alarm Phone, do registo de pedidos de socorro na região, a situação das 500 pessoas a bordo era aflitiva e "não havia tempo a perder", pelo que pediu "ajuda imediatamente". Entre as 9 e as 10 horas locais, o arrastão foi sobrevoado por um avião da Frontex e por um helicóptero da Marinha dos EUA. A Guarda Costeira destacou um navio de resgate.
O socorro às embarcações em risco era "particularmente complexo", devido ao número elevado de pessoas a bordo das embarcações à deriva. "A Guarda Costeira, em dificuldades na área italiana de salvamento, a Sudoeste da Sicília Oriental e a Sudoeste do Mar Jónico, durante intervenções da sua competência, pediu apoio à Marinha", anunciou este ramo das Forças Armadas, precisando que foi destacado o navio Sírio com ordens para navegar à maior velocidade possível.
Entretanto, as autoridades italianas anunciaram que um pequeno barco com 42 migrantes, incluindo cinco mulheres, naufragou anteontem à noite ao largo de Lampedusa. Não foi indicado o número de vítimas mortais, mas um pesqueiro tunisino recolheu sobreviventes.
Segundo o Ministério italiano do Interior, até agora mais de 17 500 pessoas chegaram por mar ao país, quase triplicando as chegadas no mesmo período do ano passado, enquanto a Frontex indica que o número de pessoas que atravessou irregularmente o Mediterrâneo Central para chegar a um estado-membro da União Europeia (UE) mais do que duplicou nos primeiros dois meses de 2023.
De acordo com um relatório da agência Frontex, 12 mil usaram "ilegalmente" aquela rota entre janeiro e fevereiro, "mais do dobro do ano passado". Só em fevereiro, o número triplicou para sete mil, comparado com o mês homólogo de 2022.