Cerca de 150 militantes da oposição cubana foram presos, nos últimos dias, para evitar que se manifestem durante a visita do Papa Bento XVI, que chegou, esta segunda-feira, a Cuba.
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"A Comissão dos Direitos do Homem e da Reconciliação Nacional (CDHRN) pode confirmar a detenção de pelo menos 150 dissidentes pacíficos", afirmou Elizardo Sanchez, presidente da referida Comissão, um grupo ilegal mas tolerado pelas autoridades.
"São detenções preventivas", sublinhou.
Conforme explicou, " um número idêntico de militantes foi impedido de sair de casa ou de assistir às missas e às receções do Papa", que chegou a Cuba para uma visita de 48 horas.
O Vaticano rejeitou qualquer encontro do Papa com a oposição, tal como aconteceu aquando da visita de João Paulo II a Cuba em 1998.
As autoridades cubanas não forneceram qualquer informação sobre as detenções, mas advertiram que não vão tolerar qualquer perturbação da visita de Bento XVI, o qual pretendem receber "com afecto e respeito".
No passado domingo, a CDHRN anunciou cerca de 70 detenções preventivas, entre as quais cerca de 15 "Damas de Branco", um grupo de esposas de prisioneiros políticos, considerados pelas autoridades como "Mercenários" ao serviço dos EUA.
Em Havana, o desfile semanal das Damas de Branco, vencedoras em 2005 do Prémio Sakharov do Parlamento Europeu para a liberdade de pensamento, terminou sem incidentes à frente da igreja de Santa Rita, onde se encontram semanalmente.
Cerca de 30 mulheres participaram na missa e numa procissão à volta da igreja, na presença de centenas de jornalistas cubanos e estrangeiros e com uma presença policial muito discreta.
O ex-preso político José Daniel Ferrer disse, por seu turno, à Agência France Presse (AFP), em Santiago de Cuba, que as operações policiais contra os dissidentes haviam começado na "passada terça-feira".
"O Governo quer um controlo total do local onde decorrem as missas (rezadas pelo Papa) e esforça-se por evitar que se produza o menor incidente de protesto da oposição", referiu José Daniel Ferrer.
Uma das Damas de Branco, Yelena Garces, afirmou à AFP que foi impedida pela polícia de ir à missa no santuário de El Cobre, a alguns quilómetros de Santiago, onde o Papa veio prestar homenagem à Virgem da Caridade, padroeira de Cuba.
"Eles não nos deixam chegar à igreja, não haverá missa para nós neste fim-de-semana", explicou a mulher, acrescentando que "os militantes que resistem às indicações dos polícias são levados para a esquadra".