Organizações de direitos humanos denunciam problemas na resposta da China ao coronavírus
A Human Rights Watch (HRW) apontou esta quinta-feira "grandes problemas" à resposta da China ao surto do novo coronavírus detetado naquele país, denunciando que a conduta de Pequim só agravou a propagação da estirpe, que já fez 563 mortos.
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"Houve grandes problemas na resposta da China ao coronavírus que agravaram o surto", disse o diretor da HRW, Kenneth Roth, em declarações aos 'media' em Genebra (Suíça), apontando, entre outras falhas, a realização de quarentenas em massa.
Kenneth Roth denunciou igualmente como problemas a "eliminação" de relatórios sobre a presença do vírus na China durante os primeiros dias do surto, bem como os esforços de Pequim para silenciar as críticas, grande parte divulgadas via redes sociais, contra o plano de contingência traçado pelas autoridades.
"Não há espaço para segredos na luta contra uma epidemia", afirmou Roth, que em meados de janeiro último foi impedido de entrar em Hong Kong, região administrativa da China, onde planeava apresentar o relatório anual da organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos.
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"Chegou a hora da transparência total, mesmo que ela seja embaraçosa, porque a saúde pública deve vir antes da preservação de um poder político particular. Infelizmente, não é essa a abordagem de Pequim", prosseguiu o diretor da HRW.
Também esta quinta-feira a Amnistia internacional (AI) focou como a temática dos direitos humanos deve ser salvaguardada perante o atual surto.
A AI pediu esta quinta-feira os governos que evitem violar os direitos humanos dos cidadãos ao mesmo tempo que tentam conter e eliminar o surto do novo coronavírus.
A organização internacional alertou, por exemplo, contra o aumento do uso da censura, de detenções arbitrárias ou de outras restrições, instando as autoridades a garantirem de que todas as pessoas infetadas tenham acesso a cuidados de saúde.
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Um dos maiores riscos da atual situação envolve potenciais atitudes de discriminação e de xenofobia, ações decorrentes do medo de contágio, seja dentro ou fora do território chinês.
Segundo informações recolhidas pela Amnistia Internacional, há relatos de pessoas que foram rejeitadas em hotéis, que são mantidas como prisioneiras nas próprias casas ou que viram os seus dados pessoais a serem publicados na Internet sem autorização.
"O governo chinês deve tomar medidas para proteger as pessoas da discriminação, enquanto os governos em todo o mundo devem adotar uma abordagem de tolerância zero perante atos racistas visando pessoas de origem chinesa e asiática", declarou o diretor regional da AI para o Sudeste Asiático e Ásia Oriental, Nicholas Bequelin.