Os bombardeiros "invisíveis" e a bomba "destruidora de bunkers” que os EUA usaram contra o Irão
Os Estados Unidos entraram na guerra entre Israel e Irão no sábado à noite, com os aviões furtivos mais sofisticados do mundo e bombas de 13 toneladas capazes de destruir instalações subterrâneas.
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Um tipo de bomba capaz de perfurar o solo até 60 metros de profundidade antes da explosão foi a estrela da entrada noturna dos Estados Unidos na guerra entre Israel e Irão, com o bombardeamento de três alvos nucleares iranianos, entre os quais a central de enriquecimento de urânio de Fordow. Projetada para danificar ou destruir instalações subterrâneas fortificadas a grande profundidade, a GBU-57 - usada pela primeira vez no ataque de ontem - é a única que consegue penetrar profundamente a terra e destruir bunkers e túneis concebidos para escaparem a projéteis de guerra comuns.
Conhecida pela sigla MOP, do ingês "Massive Ordnance Penetrator" ("Penetrador de Artilharia Maciça" em tradução livre), ou como “bunker buster” (“destruidora de bunkers”), a GBU-57 é uma arma de precisão com um peso superior a 13 toneladas, cerca de seis metros de comprimento e 80 centímetros de diâmetro, transportada pelos sofisticados bombardeiros norte-americanos B-2, usados no ataque da noite passada no Irão contra as instalações de Fordow, construídas numa encosta montanhosa.
Segundo a Força Aérea dos EUA, citada pelo "The Washington Post", o peso da bomba, a construção em liga de aço e a forma como foi desenhada permitem-lhe penetrar no subsolo e depois explodir. Guiada por GPS, a arma mais pesada do arsenal dos EUA foi concebida para atingir alvos específicos que as bombas convencionais não conseguem alcançar.
O facto de só os EUA poderem usar a GBU-57 confere a Washington uma posição de relevo na gestão do confronto Israel-Irão. Há muito tempo que Israel pediu para ter acesso a estas bombas antibunker, mas o Governo americano nunca o permitiu, numa conjugação de fatores técnicos, estratégicos e políticos. Aliás, os sistemas de lançamento da GBU-57 são tão sigilosos que os Estados Unidos não os partilham nem com os aliados mais próximos.
Bombardeiros eficazes e discretos
A super bomba, que pesa 13.600 quilogramas, foi usada pela primeira vez pelos EUA no ataque da noite passada contra os alvos iranianos, transportada pelo bombardeiro norte-americano B-2 Spirit - um dos aviões mais avançados do arsenal dos EUA. Projetado para escapar aos radares do inimigo, o B-2 consegue atravessar enormes distâncias sem ser detetado, transportar armamento nuclear ou convencional e atingir com precisão cirúrgica alvos com elevado nível de proteção.
De acordo com o chefe do Estado-Maior Conjunto, Dan Caine, em declarações a partir do Pentágono, as forças norte-americanas utilizaram sete bombardeiros B-2 no principal grupo de ataque da operação, denominada "Midnight Hammer" (Martelo da meia-noite, em tradução livre), transportando 75 munições guiadas de precisão, incluindo 14 GBU-57.
Os aparelhos de guerra terão voado 18 horas, desde o território continental dos Estados Unidos até ao Irão, sem serem detetados pelos caças iranianos ou pelos sistemas de mísseis terra-ar de Teerão, até atingirem a instalação nuclear de Furdow, apontou o responsável. Segundo fontes militares ouvidas pelo "The New York Times", os B-2 partiram da Base Aérea de Whiteman, no estado do Missouri, e realizaram a missão em modo furtivo, regressando a território seguro depois de lançarem “cargas completas” sobre os alvos iranianos, destruindo-os parcialmente.
EUA atacaram símbolo da resistência iraniana
Símbolo da resistência iraniana à pressão internacional, a central de enriquecimento de urânio Fordow, construída debaixo de montanhas, era um dos alvos de Israel desde que começou a mais recente vaga de ataques, no passado dia 13, e foi o principal objeto da operação norte-americana de ontem. Construída em segredo e revelada ao Mundo apenas em 2009, a Fordow está incrustada na Cordilheira de Zagros, a uma profundidade de 71 a 91 metros de rocha, sendo imune a qualquer ataque aéreo convencional. Para Israel, trata-se, por isso, de um desafio intransponível.
Embora Israel tenha conduzido missões de sabotagem e ataques aéreos contra a infraestrutura nuclear iraniana - alegando que Teerão se aproximava do “ponto de não retorno” para obter uma bomba atómica - a sua capacidade de atingir a central de enriquecimento de urânio de Fordow é limitada.