Os laços entre a monarquia e comércio de escravos: rei Carlos garante apoio a investigação
Documento divulgado pelo jornal britânico "The Guardian", expondo evidências da longa história de envolvimento da realeza no comércio de escravos, motivou declaração pública do Palácio de Buckingham.
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O rei Carlos III, que será coroado a 6 de maio, sinalizou pela primeira vez o apoio à investigação sobre vínculos históricos da monarquia britânica com a escravatura transatlântica, na sequência da divulgação de um documento que expõe a participação de um antecessor numa empresa de comércio de escravos.
A declaração do Palácio de Buckingham surge depois de ter sido contactado pelo jornal britânico "The Guardian", responsável pela divulgação do documento, sobre "a extensa história de envolvimento e investimento de sucessivos monarcas britânicos na escravização do povo africano".
A escritura inédita expõe a transferência de mil libras (cerca de 1140 euros) em ações da Royal African Company, em 1689, de Edward Colston, vice-governador da empresa, para o rei Guilherme III.
O Palácio de Buckingham não comentou diretamente o documento, mas deixou claro que apoia um projeto de investigação, co-patrocinado pela Historic Royal Palaces (HRP), instituição independente que administra vários palácios, sobre o envolvimento da monarquia.
Família real cede arquivos históricos
"Esta é uma questão que Sua Majestade leva profundamente a sério. Como Sua Majestade disse à receção dos chefes de governo da Commonwealth em Ruanda no ano passado: 'Não consigo descrever a profundidade da minha tristeza pessoal pelo sofrimento de tantos, enquanto continuo a aprofundar a minha própria compreensão do impacto duradouro da escravatura", emitiu um porta-voz do Palácio, que assegura que esse processo "continuou com vigor e determinação desde a ascensão" do rei ao trono.
"A Historic Royal Palaces é parceira de um projeto de investigação independente, iniciado em outubro do ano passado, que explora, entre outras questões, as ligações entre a monarquia britânica e o comércio transatlântico de escravos durante os séculos XVII e XVIII. Como parte dessa campanha, a família real está a apoiar a investigação por meio do acesso à coleção real e aos arquivos reais", acrescentou.
De acordo com o "The Guardian", esta é a primeira vez que a casa real britânica declara publicamente que apoia a investigação em causa.