Pais de menores que se suicidaram após relação com IA vão participar em congresso
Os pais dos adolescentes que se suicidaram após interagirem com programas de chatbots de inteligência artificial planeiam testemunhar hoje no Congresso dos Estados Unidos sobre os danos dos chatbots.
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Os pais dos adolescentes que se suicidaram, Matthew Raine e Megan Garcia devem discursar hoje numa audiência no Congresso sobre os danos causados pelos chatbots de IA.
Na Califórnia, a família do rapaz de 16 anos que se suicidou, Adam Raine, processou a empresa de IA OpenAI e o seu presidente, Sam Altman, em agosto, alegando que o ChatGPT ensinou Adam Raine a planear o suicídio em abril.
Na Florida, Megan Garcia, a mãe da rapariga de 14 anos que se suicidou em 2024, Sewell Setzer III, processou outra empresa de IA, a Character Technologies, por homicídio voluntário em 2024.
A mãe da vítima disse que, Sewell Setzer, antes de se suicidar, estava cada vez mais isolada na vida real, indicando que a vítima tinha conversas sexualizadas com o chatbot.
Horas antes da audição no Senado, a OpenAI prometeu implementar novas medidas protetoras para os adolescentes, incluindo conseguir detetar se os utilizadores do ChatGPT têm menos de 18 anos.
A OpenAI disse ainda que iria aplicar controlos que permitem aos pais definir "horários de bloqueio", ou seja, impedir que os adolescentes utilizem o ChatGPT fora de um horário definido pelos responsáveis.
Os grupos de defesa das crianças criticaram o anúncio da empresa, caracterizando-o como insuficiente.
O diretor executivo da Fairplay, um grupo que defende a segurança online das crianças, Josh Golin, disse que a OpenAI deve impedir que o ChatGPT seja utilizado por menores até ser seguro para as crianças.
"Não devemos permitir que as empresas, só porque dispõem de recursos tremendos, realizem experiências descontroladas em crianças, quando as implicações para o seu desenvolvimento podem ser tão vastas e abrangentes", acrescentou Josh Golin.
A Comissão Federal de Comércio informou na semana passada que iniciou uma investigação sobre várias empresas sobre os potenciais danos para crianças e adolescentes que utilizam os chatbots de IA como companheiros.
A comissão enviou ainda cartas às empresas tecnológicas Character, Meta e OpenAI, bem como à Google, Snap e xAI.