Petição no Luxemburgo alerta para a prática "discriminatória e arcaica" de pais obrigarem filhas, menores e maiores de idade, a provarem virgindade, e quer lei que proteja jovens mulheres.
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Há jovens luxemburguesas que são obrigadas pelos pais a provarem que não iniciaram a vida sexual, sendo submetidas a exames ginecológicos por especialistas da área que passam um "certificado de virgindade", depois entregue à família. O alerta é dado pela autora de uma nova petição pública, que reivindica a proibição de os médicos emitirem estes documentos.
"Há já algum tempo que nos deparamos regularmente com casos de raparigas, menores e adultas, que pedem ajuda porque as suas famílias as obrigam a submeter-se a um teste de virgindade", por si só um conceito obsoleto, escreve Enji Ismaili Sandra Dessi na petição, disponível desde esta sexta-feira.
As razões para esta prova médica, que a peticionária considera "arcaica" e "discriminatória", variam. "Algumas famílias querem uma prova anual de que a filha ainda é virgem, outras porque a filha se apaixonou e tem namorado, mas mais frequentemente porque a família ouviu rumores", pode ler-se.
O exame visa controlar a "atividade sexual" das jovens mulheres, o que constitui uma "discriminação" com base no género, aponta a petição. O teste não é sequer capaz de "comprovar totalmente a virgindade da jovem", tendo em conta que a atividade sexual pode até ter sido iniciada e não haver sinais passíveis de serem detetados através de um exame.
Petição quer lei que proteja jovens
A autora da petição aponta que esta exigência parental amplia o sofrimento das jovens, que, "além de serem pressionadas pelos pais, ficam ainda à mercê de outros jovens que as assediam por causa disso". Apesar de muitas não aceitarem realizar o exame médico, acabam por não poder recusá-lo "sob pena de represálias".
Sandra Dessi reivindica que as autoridades do Luxemburgo - um país que "defende a igualdade de género e onde desde 2013 está em vigor um plano de ação nacional para promover a saúde emocional e sexual" - protejam as jovens através de uma lei que proíba a emissão dos certificados médicos de virgindade, à semelhança do que fizeram já França e Reino Unido.