Os Países Baixos ainda não alcançaram um acordo governamental desde as eleições gerais realizadas em março passado, com o país a bater esta sexta-feira o recorde de 226 dias sob um Governo de gestão.
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"As pessoas questionam-se, se existe um consenso sobre as grandes questões do país, porque é que não começam a trabalhar?", comentou, em declarações à agência France-Presse (AFP), o professor de comunicação política da Universidade de Amesterdão, Claes de Vreese, a propósito da atual situação política holandesa.
Após vários meses de impasse, os quatro partidos envolvidos nas negociações - o partido liberal de centro-direita VVD (do primeiro-ministro cessante Mark Rutte), o D66 (centro-esquerda), o CDA (democrata-cristão) e a União Cristã (CU, centro-direita conservador) - aceitaram finalmente iniciar conversações substanciais no final de setembro.
O atual Governo de gestão, composto pelos quatro partidos, está demissionário desde janeiro passado, na sequência de um escândalo relacionado com abonos de família e a acusação indevida de milhares de pessoas de fraude.
Segundo Claes de Vreese, o arrastar das negociações não é um dado positivo para a confiança dos cidadãos na esfera política, já prejudicada pelo escândalo dos abonos de família, segundo destacou o académico Claes de Vreese.
"Os quatro partidos do Governo Rutte III estão agora a negociar para a formação de um Governo Rutte IV", observou, por sua vez, Ruud Koole, um politólogo da Universidade de Leiden (oeste), também citado pela AFP.
"Não é certo que sejam bem-sucedidos, mas a pressão é forte para formar um novo Governo rapidamente", reforçou o especialista.
Na liderança dos Países Baixos desde 2010, Mark Rutte, um dos líderes políticos que está há mais tempo no poder no espaço europeu, parece estar a caminho de um quarto mandato, depois de ter superado, em abril passado, uma moção de censura apresentada pela oposição, que o acusou de mentir durante as negociações para formar a coligação do Governo.
Um novo Governo é "absolutamente necessário" para lidar com questões prementes como a crise habitacional e as alterações climáticas, reforçou o politólogo Ruud Koole.
Mesmo que a formação da nova equipa governativa holandesa não seja esperada durante os próximos dias ou mesmo semanas, as negociações parecem estar a progredir, segundo indicam as agências internacionais.
Apesar de ter batido o seu recorde interno (o anterior remontava a 2017), os Países Baixos ainda estão longe de superar o recorde da Bélgica, que ficou 591 dias sem Governo.