Palestina diz ter provas de funcionários espiados pelo software israelita Pegasus
A Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) revelou na quarta-feira que tem provas de que alguns dos seus funcionários foram espiados através do software Pegasus, desenvolvido pela empresa israelita de cibersegurança NSO Group.
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"Sempre suspeitamos que os nossos telefones foram invadidos pelas autoridades de ocupação [termo para designar Israel] e que tudo o que dissemos ou enviamos foi ouvido e controlado. Mas agora temos provas e documentos legais que reconhecem a existência dessa intrusão israelita", salientou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da ANP.
A mesma fonte indicou que está a ser preparado um "arquivo completo" com as provas recolhidas para serem apresentadas às organizações internacionais relevantes, onde se incluem instituições internacionais de justiça.
O Ministério apontou diretamente o "governo de ocupação israelita" como responsável por esta "flagrante violação moral dos direitos humanos".
Na semana passada os Estados Unidos sancionaram a empresa israelita NSO Group, que desenvolveu o 'software' Pegasus, por espionagem informática.
Em julho, uma investigação jornalística internacional revelou que este 'software' permitiu espiar centenas de ativistas, jornalistas e líderes políticos em todo o mundo, incluindo o Presidente de França, Emmanuel Macron.
Israel tem-se distanciado das acusações apontadas à NSO Group, alegando que esta é uma empresa privada, externa ao Governo.
"Apelamos à comunidade internacional, instituições e empresas para boicotarem todas as partes envolvidas nestes escândalos de espionagem e trabalharem juntos para levá-los à justiça internacional", vincou ainda a ANP.
Uma investigação conjunta da 'Front Line Defenders', 'Citizen Lab' e da Amnistia Internacional, divulgada em 08 de novembro, revelou que os telefones de seis ativistas palestinianos, três destes membros de uma das seis Organizações Não Governamentais palestinianas que Israel classificou como organizações terroristas em outubro, também foram alvo de espionagem através do Pegasus.
As ONG declaradas como terroristas são acusadas de serem ramificações civis da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP) (grupo armado de linha marxista) considerada organização terrorista pelos Estados Unidos ou União Europeia (UE).
Estas organizações são parceiras de ONG internacionais que operam em território palestiniano e a maioria recebeu financiamento da UE e Bruxelas, tal como os Estados Unidos, solicitaram a Israel provas mais sólidas destas acusações.