O palestiniano Mohammed Al Qeek, jornalista de 33 anos, está à beira da morte num hospital israelita após 88 dias em greve de fome em protesto contra a sua prisão administrativa - sem acusação ou julgamento.
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Meios de comunicação palestianianos têm transmitido com regularidade imagens de Mohammed Al Qeek muito magro, sem forças, com dores e perdas de consciência.
A sua imagem está a ser também usada em fotografias e cartazes nos protestos diários organizados em diversas cidades da Cisjordânia em que se pede uma solução para o caso.
"A nossa exigência é a de que seja colocado em liberdade e possa escolher onde e como quer viver", disse o seu advogado, Yawal Boulos, à agência Efe, depois de recusar, esta semana, a proposta do Supremo Tribunal israelita de que Mohammed Al Qeek fosse transferido do hospital de Afula (Israel) para um de Jerusalém Leste, em vez de para um em Ramallah, como reclama.
O jornalista, correspondente de um canal saudita, colaborador de meios do movimento islamita Hamas, casado com uma colega de profissão e pai de dois filhos, foi detido na sua casa em Dura (Ramallah) em novembro e colocado em prisão administrativa, uma figura legal que permite a Israel deter palestinianos sem acusação por períodos de seis meses renováveis por tempo indeterminado.
Mohammed Al Qeek iniciou a greve de fome como forma de contestar as condições da sua detenção que, segundo indicou a sua mulher, incluíram maus-tratos e sustenta-se em acusações de incitação à violência e de suposta pertença ao Hamas, a mesma pela qual foi detido há oito anos.
"A greve de fome é basicamente a única maneira que ele tem de se manifestar contra a ilegalidade da sua detenção e de conseguir a liberdade", afirmou Laith Abu Zeyad, advogado da organização de defesa dos presos palestinianos Adamir ("consciência", em árabe).
Prisioneiros palestinianos usam esta estratégia para denunciar a sua situação há décadas "porque a maioria tem muito pouca confiança na justiça israelita", sublinhou, apontando que se trata da "única alternativa" que lhes resta para protestar.
Mohammed Al Qeek perdeu mais de 13 quilos, capacidade auditiva e de visão e o seu estado de saúde deteriorou-se significativamente, estando a sobreviver à base de água e sais minerais devido à greve de fome, apontada como uma das mais prolongadas de que há memória na região.
A Amnistia Internacional, a União Europeia e representantes da ONU pediram a Israel para apresentar acusações formais ou libertar não apenas Mohammed Al Qeek, mas também os 690 palestinianos que se encontram em cadeias israelitas sob prisão administrativa. Contudo, até à data, as autoridades israelitas não deram passos neste sentido.
Também o MPPM - Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente, emitiu um comunicado, quarta-feira à noite, a apelar "a todos os que defendem o valor da vida humana e os princípios de liberdade e de dignidade, para agirem rápida e urgentemente para salvar a vida do preso político Mohammed Al Qeek".
"O MPPM apela ao Governo de Portugal e aos representantes eleitos do povo português para que pressionem Israel no sentido de respeitar os direitos do povo palestino e cumprir as obrigações do direito internacional", lê-se no comunicado.