O Papa Francisco publicou esta quinta-feira um documento onde tece fortes críticas à evasão fiscal e às "offshores", defendendo uma nova ética no sistema económico e financeiro.
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Em conferência de imprensa, o cardeal Peter Turkson e Luis Ladaria Ferrer, dois colaboradores da confiança do Papa, tornaram pública a "Oeconomicae et pecuniariae" - um documento dedicado às questões económicas e financeiras.
"A existência das sedes offshore favoreceu uma enorme saída de capitais de muitos países de baixo rendimento, gerando numerosas crises políticas e económicas", diz o texto elaborado em conjunto pela Congregação para a Doutrina da Fé e pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, da Santa Sé.
Para além de críticas ao atual sistema económico, o Vaticano apresenta propostas: "Foi calculado que bastaria uma taxa mínima sobre as transações realizadas para offshore para resolver boa parte do problema da fome no mundo. Porque não tomar com coragem a direção de uma semelhante iniciativa", perguntam os autores do documento que estão contra o "desígnio especulativo" que alimenta "o mundo das finanças offshore", promovendo situações como a "evasão e lavagem de dinheiro". Propõem ainda a criação de comissões de ética dentro dos bancos.
"Hoje, mais da metade do comércio mundial é efetuado por grandes empresas que reduzem a carga tributária transferindo os lucros de uma sede para outra, segundo as suas conveniências, transferindo os ganhos para os paraísos fiscais", refere.
Este tipo de política financeira afasta "recursos decisivos" para a economia real e fomenta sistemas económicos "fundados na desigualdade".
Também as "swap" são criticadas, considerando que levaram ao aumento de um sistema semelhante aos jogos de azar que aposta no insucesso de outros, o que representa "uma situação inaceitável do ponto de vista ético".