“O grito do Papa por uma resposta à crise climática”, é assim que o Vaticano classifica a "Laudate Deum", exortação apostólica de Francisco, publicada esta quarta-feira, e que retoma o apelo à defesa da “casa comum”.
Corpo do artigo
No documento (que dá continuidade à encíclica "Laudato Si", publicada em 2015), o Sumo Pontífice tece duras críticas aos negacionistas da crise ambiental, aquilo a que chama o “paradigma tecnocrático” que está na base da “degradação ambiental” e apela à assunção de “fórmulas vinculantes de transição energética que tenham três caraterísticas: eficientes, vinculantes e facilmente monitoráveis”. Francisco diz que o negacionismo climático é “doença silenciosa".
Em 6 capítulos, o documento olha também para a COP28, agendada para o Dubai daqui a dois meses, e pede corresponsabilidade diante da emergência das mudanças climáticas, porque o mundo "está a desmoronar-se e a aproximar-se de um ponto de ruptura".
"Os efeitos das alterações climáticas recaem sobre as pessoas mais vulneráveis", diz o Papa. “A lógica do máximo lucro ao menor custo, disfarçada de racionalidade, progresso e promessas ilusórias, torna impossível qualquer preocupação sincera com a casa comum e qualquer cuidado pela promoção dos descartados da sociedade”, refere a "Laudate Deum" (Louvai a Deus) .
O documento alerta para avanços tecnológicos e da inteligência artificial que se baseiam na “ideia de um ser humano sem limites”, frisando que “nem todo o aumento de poder é um progresso para a humanidade”. Propõe ainda como alternativa ao paradigma tecnocrático a ideia de que o mundo “não é um objeto de exploração, utilização desenfreada, ambição sem limites”, convidando a aprender com as culturas indígenas.