O Papa Francisco chegou esta segunda-feira a Díli, capital de Timor-Leste, às 14.20 horas locais (6.20 horas em Portugal continental). A visita de três dias, que termina na quarta-feira, começou com uma cerimónia de boas-vindas no Palácio Presidencial e um encontro com autoridades, corpo diplomático e sociedade civil.
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Francisco saíu do avião em Díli para uma passadeira vermelha, onde foi recebido com guarda de honra e uma manifestação de fé, numa cidade onde 98% da população é católica. Ao entrar na cidade, cumprimentou e benzeu os milhares de féis que o esperavam.
Ecoaram-se cânticos, orações e ovações nas ruas, com pessoas a tentar tocar no carro onde seguia o Sumo Pontífice. Para além dos representantes políticos de todos os municípios, estiveram presentes na receção a Francisco vários membros da igreja católica de Timor-Leste, bem como diversos grupos com trajes tradicionais do país.
Ao chegar ao palácio Palácio Presidencial, várias crianças e jovens gritaram ovações ao Papa. Dezenas de elementos da guarda de honra, vestidos com trajes tradicionais e penas de galo na cabeça, saudaram Francisco. O Sumo Pontífice assitiu às cerimónias protocolares juntamente com o Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta.
Francisco abraçou algumas crianças que lhe colocaram um tais, o pano tradicional timorense, à volta do pescoço.
"Céu limpo, mas com novos desafios"
O chefe de Estado do Vaticano apelou aos timorenses que prossigam com "renovada confiança na sábia construção e consolidação das instituições" da República, para que "estejam completamente aptas a servir o povo" e que permitam que os "cidadãos se sintam efetivamente representados".
"Que a fé que vos iluminou e susteve no passado continue a inspirar o vosso presente e o vosso futuro", acrescentou. "Que a vossa fé seja a vossa cultura", apelou o Papa, realçando que Timor-Leste tem um "novo horizonte, com céu limpo, mas com novos desafios a enfrentar e novos problemas a resolver".
Francisco destacou ainda a "emigração, que é sempre indicador de uma valorização insuficiente ou inadequada dos recursos, bem como da dificuldade de oferecer a todos um emprego que produza lucro equitativo e garanta às famílias um rendimento que corresponda às suas necessidades básicas". É precisa uma "ação de longo alcance" para "remediar e oferecer alternativas viáveis à emigração".
O Papa exortou os timorenses a manterem um "olhar cheio de esperança em relação ao futuro", destacando que o "primeiro campo a investir é na educação, na família e na escola", que "coloque as crianças e os jovens no centro e promova a sua dignidade".
O discurso de 18 minutos terminou com o Papa Francisco a pedir a Deus que abençoe Timor-Leste.
A embaixadora de Portugal em Díli referiu o encontro histórico como o “fechar de um ciclo”. A visita de Francisco é a primeira ao país “livre e independente”, recordou Manuela Bairos.
Esta é a segunda visita de um Papa a Timor-Leste. A primeira aconteceu a 12 de outubro de 1989, com João Paulo II, quando Timor estava ocupado pela Indonésia. A independência deu-se em 1999.
O Papa deu início a uma viagem pela Indonésia a 3 de setembro, onde esteve até sexta-feira, tendo depois seguido para a Papua Nova Guiné. Está prevista a celebração de uma missa pelo Sumo Pontífice na terça-feira, em Tasi Tolu, que deverá contar com milhares de timorenses.